O território são-gonçalense foi banhado com muito sangue, quando
no dia 03 de outubro de 1645, ocorreu o Massacre de Uruaçu, onde 28
cristãos foram mortos por índios e soldados holandeses.
Jacob Rabbi, alemão a serviço do governo holandês, vivia com os índios
Tapuias, em conjunto com Paraopeba, chefe indígena, convertido ao calvinismo,
lideraram o massacre. Durante uma celebração, logo após a elevação da
hóstia, soldados holandeses trancaram todas as portas da igreja, já
esperando estavam os índios potiguares e tapuias que invadiram o local
e mataram os colonos presentes a missa. Foram praticados atos com requinte
de crueldade.
Alguns tiveram o direito a despedida. A sobrevivência
dependia da conversão ao Calvinismo, fato rejeitado. Suas línguas foram
arrancadas para que não fizessem orações católicas. Braços e pernas
foram decepados, crianças partidas ao meio e muitos corpos degolados,
foi o cenário do morticínio, porém todos oraram com muita fé até a morte.
O Padre Ambrósio Francisco Ferro, ainda vivo, foi muito torturado.
Mateus Moreira teve seu coração arrancado pelas costas, e mesmo com
todo o sofrimento ainda pronunciou “Louvado seja o Santíssimo Sacramento”.
Ninguém renegou a Deus e nem a Igreja, morreram com fé e fidelidade.
O processo de beatificação deu início em 15 de maio de 1988, quando
Dom Alair Vilar iniciou o estudo sobre os mártires de Uruaçu e Cunhaú,
designando posteriormente Monsenhor Francisco de Assis Pereira postulador
da causa. No dia 05 de Maio de 2000 ocorreu a beatificação oficializada
em Roma, pelo Papa João Paulo II.
Em homenagem ao morticínio foi erguido um monumento na localidade
de Uruaçu, próximo aonde ocorreu o martírio, denominado "Monumento aos
Mártires", que foi inaugurado no dia 05 de Dezembro de 2000, com a presença
de aproximadamente 15 mil pessoas, incluindo diversas autoridades eclesiásticas
e governamentais. Local que abrange uma área de dois hectares, doada
pela família Veríssimo, proprietária da fazenda. Foi projetado pelo
arquiteto Francisco Soares Junior, tendo capacidade para receber 20
mil peregrinos. Atrás do palco há um painel medindo 30 metros. O Capelão
do monumento é o Padre Antônio Murilo de Paiva.
A cidade se encontra receptivo a todos que buscam reafirmar sua fé,
conhecendo o local que foi palco de um grande massacre. No dia 03 de
Outubro é feriado estadual em comemoração ao Dia dos Mártires de Uruaçu
e Cunhaú, segundo Lei Nº 8.913/2006.
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