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quinta-feira, 27 de junho de 2013

Após Telexfree, Polícia apura denúncia contra outra empresa de marketing multinível na Paraíba

Priples é acusada de crime contra a economia popular. Já são 14 queixas de pessoas que se sentiram lesadas após ingressarem no negócio.
Priples propõe que particiante poste perguntas na internet
 Foto: Priples propõe que particiante poste 
perguntas na internetCréditos: Site da empresa
 Depois de uma ação da Justiça do Acre que bloqueou todas as negociações da Telexfree no país, a Polícia de Pernambuco investiga empresas de marketing multinível que atuam com a promessa de dinheiro fácil e já estariam agindo na Paraíba. O alvo das investigações agora é a Priples, com endereço em Jaboatão dos Guararapes (na região metropolitana de Recife). A empresa é acusada de crime contra a economia popular.
Segundo a polícia, já são 14 queixas de pessoas que se sentiram lesadas após ingressarem no negócio que pode ser fraudulento. De acordo com levantamento do Indicador Serasa Experian, no país, a cada 15,6 segundos, um consumidor brasileiro é vítima da tentativa de fraude. Além desses negócios pela Internet, o Serasa Experian também aponta como campeão das denúncias o roubo de identidade, em que dados pessoais são usados por criminosos para obter crédito com a intenção de não honrar os pagamentos ou fazer um negócio sob falsidade ideológica.
No Brasil, entre janeiro e maio de 2013, o Indicador Serasa Experian verificou 837.641 tentativas de fraudes. No mesmo período no ano passado, houve 818.629 registros e, em 2011, 798.348 entre janeiro e maio.
Marketing multinível e a promessa de dinheiro fácil
Durante entrevista exclusiva ao programa Correio Debate, da 98 FM, o delegado pernambucano Carlos Couto explicou que a Priples alega ser uma empresa que promete vendas através de publicidade digital. Porém, ele sustenta que os primeiros indícios são de que o negócio funcione com a promessa de dinheiro fácil, com ganhos vindos através de postagens simples e rápidas na internet, além da indução ao recrutamento de cada vez mais pessoas, o que caracterizaria a pirâmide financeira.
"A Priples promete lucro de 60% sobre o investimento inicial, no primeiro mês de atividades do participante. Com isso, há aqueles que se desfazem de bens e investem altos valores financeiros com  a intenção de receber cada vez mais dinheiro, através da postagens online. No entanto, se for caracterizada a pirâmide, é preciso entender que o ingresso de um número alto de pessoas, através dos recrutamentos, vai saturar o negócio e trazer prejuízos para todos os envolvidos", diz o delegado.
Entre as principais queixas, Couto revela que as vítimas alegam não terem recebido os pagamentos ou perceberam que o cadastro de participação nas atividades da Priples não foi ativado.

Em João Pessoa, já existem pessoas que se dizem vítimas dessas empresas. Uma delas, que teria investido no negócio, não quis se identificar, mas relatou por telefone ter gasto cerca de R$ 3 mil reais para participar. Ela fala que não recebeu nada até agora e lamenta o prejuízo: "Você não passa cinco minutos para fazer as postagens de internet que eles nos pedem. Fui influenciado  por amigos que estavam participando e acabei entrando. Tive que vender minha moto para fazer parte da ideia. Não recebi nada e agora estou sem meu veículo e sem dinheiro. Demorei 15 dias para perceber que havia algo errado".
O delegado pernambucano Carlos Couto alerta para que as pessoas pesquisem e investiguem essas formas de negócios antes da adesão através de investimentos. "Perguntem e se informem sobre as empresas, contratos. Não se deixem levar por promessas de ganhar dinheiro fácil, porque, mais cedo ou mais tarde, poderá haver sérios prejuízos".
Na capital paraibana, além da Telexfree e da Priples, outra empresa que ficou conhecida como uma das que opera de forma semelhante é a BBom. Porém, o representante da marca em João Pessoa, César Brandão, nega que se trate de uma pirâmide financeira. "A BBom está no mercado há 17 anos e oferece produtos e serviços concretos. Não temos nenhum tipo de postagens por internet e trabalhamos com seriedade e compromisso. A marca opera em todo o Brasil através de franquias", garante.  
Ações da justiça 
Recentemente, a justiça do Acre bloqueou as operações da Telexfree, empresa que se popularizou como negócio de venda de pacotes de telefonia via internet (VoIP, na sigla em inglês) por meio de marketing multinível, como se apresenta. Segundo a decisão do STJ acreano, a hipótese é de que há um sistema de pirâmide financeira.
O Ministério Público daquele Estado pretende realizar uma ação civil pública para que as pessoas que investiram dinheiro na Telexfree sejam ressarcidas, em todo o Brasil.
Outros tipos de fraude
Pesquisas da Serasa Experian apontam que estão mais suscetíveis às fraudes os consumidores que tiveram seus documentos roubados. Com apenas uma carteira de identidade ou um CPF nas mãos de golpistas, dobra a probabilidade de ser vítima de uma fraude.
Em João Pessoa, um dos casos que chamou a atenção em 2013, foi de um pastor que aplicou golpe em mais de 300 pessoas vendendo o sonho da casa própria a preços populares, em bairros como Bessa, Altiplano e Mangabeira. O valor do imóvel seria R$ 50 mil.
O vendedor Paulo Farias, 27 anos, por pouco não caiu neste crime, mas teve familiares envolvidos. Ele está noivo e pretende se casar em 2014. Como qualquer brasileiro, Paulo sonha em ter uma casa própria e só não caiu no golpe porque desconfiou do pastor.
Ele contou que participou de reuniões em uma escola no bairro de Mangabeira. Várias pessoas tinham que pagar uma taxa de adesão no valor de R$ 250 a R$ 400 e a prestação ficaria em torno de R$ 500. As casas eram oferecidas nos tamanhos de 50m, 70m em bairros nobres da Capital. "Não senti verdade nesse pastor, por isso procurei o CNPJ da empresa. Ao consultar os dados cadastrais percebi que não existia terreno, registro imobiliário ou fábrica de tijolos ecológicos, como era oferecido", comentou Paulo.
A vítima resolveu gravar uma conversa telefônica com o suposto pastor Paulo Henrique para fechar o negócio, com tudo monitorado pela Polícia Federal. "Fiquei com medo, mas tive que cumprir meu dever de cidadão; fiquei feliz com a constatação do crime e por saber que contribuí para evitar que mais pessoas caíssem nessa fraude. Na ocasião, março de 2013, quem fez a prisão por estelionato foi o delegado de Defraudações, Gustavo Carlito", disse a vítima.
As principais tentativas identificadas pela Serasa Experian:
- Emissão de cartões de crédito: o golpista solicita um cartão de crédito usando uma identificação falsa ou roubada, deixando a “conta “ para a vítima e o prejuízo para o emissor do cartão.
- Financiamento de eletrônicos (Varejo) – o golpista compra um bem eletrônico (TV, aparelho de som, celular etc.) usando uma identificação falsa ou roubada, deixando a conta para a vítima.
- Golpe: compra de celulares com documentos falsos ou roubados.
- Abertura de conta: golpista abre conta em um banco usando uma identificação falsa ou roubada, deixando a “conta” para a vítima, neste caso toda a “cadeia” de produtos oferecidos (cartões, cheques) potencializam possível prejuízo às vítimas aos bancos e ao comércio.
- Compra de automóveis: golpista compra o automóvel usando uma identificação falsa ou roubada, deixando a “conta” para a vítima.
- Abertura de empresas: dados roubados também podem ser usados na abertura de empresas, que serviriam de ‘fachada’ para a aplicação de golpes no mercado.
A Serasa Experian responde diariamente a 6 milhões de consultas por dia, auxiliando 500 mil empresas de diversos portes e segmentos a tomar a melhor decisão em qualquer etapa de negócio: prospecção, desde a prospecção até a recuperação.
Precaução
A pesquisa revela a importância de o consumidor adotar cuidados simples em seu dia a dia, como:
- Não fornecer seus dados pessoais para pessoas estranhas;
- Não fornecer ou confirmar suas informações pessoais ou número de documentos pelo por telefone, cuidado com promoções ou pesquisas;
- Não perder de vista seus documentos de identificação quando solicitados para protocolos de ingresso em determinados ambientes ou quaisquer negócios;
- Não informar os números dos seus documentos quando preencher cupons para participar de sorteios ou promoções de lojas;
- Não fazer cadastros em sites que não sejam de confiança; cuidado com sites que anunciam oferta de emprego ou promoções. Fique atento às dicas de segurança da página, por exemplo, como a presença do cadeado de segurança.
- Cuidado com dados pessoais nas redes sociais que podem ajudar os golpistas a se passar por você, usando informações pessoais, como por exemplo, signo, modelo de carro, time por que torce, nome do cachorro etc.;
- Manter atualizado o antivírus do seu computador, diminuindo os riscos de ter seus dados pessoais roubados por arquivos espiões.
Quando for vítima de roubo, perda ou extravio de documentos, a primeira medida é cadastrar a ocorrência gratuitamente na base de dados da Serasa Experian, no link www.serasaconsumidor.com.br. Esta informação estará disponível na mesma hora para o mercado. Depois, o consumidor deve fazer um boletim de ocorrência. Assim, sempre que ele for consultado, o concedente de crédito saberá que se trata de um documento roubado e terá mais cuidado ao fechar um negócio.
O consumidor pode, ainda, consultar gratuitamente o seu CPF em uma das agências da Serasa Experian em todo o país. Os endereços estão no site www.serasaconsumidor.com.br.

Fonte: Portal Correio 

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