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sexta-feira, 8 de julho de 2011

Gasolina e etanol ficam mais caros

Economia
Andrielle Mendes
repórter de Economia
Diante dos constantes aumentos no preço do combustível, o administrador Dover Góis, 48, preferiu alterar sua rotina. Antes de sair de casa, estuda o percurso e opta pelo mais curto. A medida deve ser adotada por mais natalenses nos próximos dias. O etanol repassado para os postos subiu R$0,15 e a gasolina R$0,07 em uma semana, segundo o Sindicato de Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do RN (Sindipostos/RN) e o aumento já começa a chegar ao consumidor.
 Reflexo da alta do álcool anidro, usado na composição da gasolina, e do hidratado (etanol), o combustível começou chegar mais caro nos postos de Natal em 30 de junho. O reajuste já está sendo repassado às bombas em alguns postos da cidade.  

Levando em consideração os valores registrados pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural eBiocombustíveis (ANP), entre 27 de junho e 02 de julho, é possível estimar que o preço médio da gasolina pode chegar à R$2,74, e o máximo à R$ 2,83, o que representa um aumento de 2,5%. Enquanto isso, o preço médio do etanol pode chegar à R$2,36 e o máximo, à R$2,60, representando um incremento de 6%. 

Num dos postos localizados na avenida Prudente de Morais, o litro de gasolina já está custando R$2,73. Segundo o gerente, que preferiu não se identificar, o valor foi reajustado no início da semana. "A ordem é repassar parte desse reajuste para o consumidor", afirma.

Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-USP), o litro do álcool anidro, adicionado à gasolina, subiu 14,4%, e o hidratado (etanol) subiu 13,3% entre 3 de junho e 1º de julho, em São Paulo, principal mercado produtor e consumidor de etanol do País.  De acordo com os pesquisadores do Cepea, a elevação dos preços é reflexo da demanda aquecida dentro do País.  Para Júnior Rocha, presidente do Sindipostos no Rio Grande do Norte, o movimento é reflexo também do descompasso entre produção de álcool e venda de automóveis.

O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, admitiu ainda em abril que o governo pode reduzir a mistura do etanol anidro à gasolina para frear a alta dos preços do combustível de petróleo causada pela disparada do álcool. A redução, dos atuais 25% para até 18%, foi sinalizada com a edição de uma Medida Provisória que reduziu em dois pontos porcentuais o piso de mistura, anteriormente em 20%.

Enquanto a medida não começa a vigorar, consumidores como Dover Góis terão de encontrar alternativas para reduzir os custos. O motorista Luiz Ronaldo de Souza, 49, por exemplo, trocou o carro pela moto. O único automóvel que dirige é o da empresa. Há quatro dias, pagou R$2,69 pelo litro da gasolina. Ontem, pagou R$ 2,73. Luiz ficou surpreso quando viu o novo preço na bomba de combustível e disse que, apesar da conta ficar para o chefe, o aumento é um absurdo.

Integrantes de uma longa cadeia produtiva, que começa com as usinas, os postos alegam que não poderão seguraro novo reajuste, que veio somado ao aumento na conta de energia e dos salários dos empregados. Os empresários temem novas represálias diante do novo aumento - reajustes há  cerca de dois meses levaram a população às ruas para protestar e motivaram questionamentos por parte do Ministério Público - e admitem que nada podem fazer para controlar os preços.

Quem usa o automóvel para ir até o trabalho diariamente sentirá o peso no bolso. O administrador Dover Góis costuma gastar R$600 com combustível todos os meses. Há uma semana, encontrou o etanol a R$1,99. Ontem pagou 2,19 pelo litro. Enquanto os preços não caírem, Dover continuará optando pelo percurso mais curto até o trabalho. "Hoje (ontem) pela manhã fiz tudo o que podia fazer para economizar combustível".

 Outro lado

A equipe de reportagem entrou em contato com a Unica, entidade que representa as usinas, mas foi informada que todos os porta-vozes estavam em reunião em Brasília. O Sindicom, entidade que representa as distribuidoras, informou que emitirá nota ao longo da semana, posicionando-se sobre o movimento geral. Já as distribuidoras BR, Shell, Cosan e Ipiranga não responderam até o fechamento da edição.  

Tribuna do Norte

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