A família Maushart percebeu que estava escravizada pela tecnologia. E nós?
Por Luís Felipe Escocard
Por Luís Felipe Escocard
Uma americana e seus três filhos passaram seis meses “desconectados”, noticiaram diversos jornais do mundo. Susan Maushart que morava com seus três filhos adolescentes na Austrália resolveu fazer uma experiência radical (ao menos nos dias de hoje): passaram seis meses sem televisão, computadores (de todos os tamanhos), videogames e ipods. O resultado, veremos, foi impressionante, e está documentado no livro “The Winter of Our Disconnect” (O Inverno de Nossa Desconexão).
Inicialmente a mãe decidiu cortar até a eletricidade por algumas semanas, com o objetivo de, quando reativasse a eletricidade, o impacto da perda das telas de computadores e videogames fosse menor.
A filha mais velha foi a que mais rápido se adaptou, pois tinha já o bom hábito da leitura. O rapaz, que passava horas em videogames, passou a tocar um saxofone e percebeu que tinha talento musical. A filha mais nova foi a que mais dificilmente se adequou a inusitada situação, chegando a ir morar com o pai (o casal é separado) por algumas semanas, pois não queria largar seu notebook e suas “conexões virtuais”. Mais tarde mudou de idéia e voltou para casa.
O que se deu foi um acréscimo impressionante no rendimento escolar de todos os filhos (inclusive a mais nova, que estava com notas péssimas). O rapaz desistiu de jogos virtuais e vendeu seu videogame, hoje estudando música na universidade. Todos os filhos, afirma Maushart, saíram da experiência de um estado de cognitus interruptus e passaram a pensar e refletir melhor.
Mas o principal foi uma união maior da família, que passou a conviver mais entre si, com jantares familiares e boas conversas. Além disso, descobriram prazeres simples e agradáveis como ouvir música em conjunto (não só cada um com seu fone de ouvido), jogos de tabuleiro, rever antigas fotografias de família, etc.
Conclui com muita perspicácia o jornal La Republica, do Uruguai: “La necesidad de los medios técnicos de comunicación y trabajo parece absorbernos y hasta esclavizarnos, Susan demostró que es una esclavización voluntaria, de la que se puede escapar y con muchos beneficios.”
Maushart e seus filhos, com a experiência que fizeram, imergiram na vida real e perceberam o quão “escravizados” estavam. A contrario sensu a sociedade vai imergindo cada vez mais no mundo virtual e imbecilizador.
Fonte: IPCO Instituto Plínio Correia de Oliveira
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