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sábado, 27 de agosto de 2011

Jogos eletrônicos para tratar AVC

Saúde
Adriano Abreu
A artesã Maria Luzitânia dos Santos Nobre tem 41 anos. Mas as lembranças que possui são da infância e da juventude. Não recorda de quase nada da fase adulta. Parte da memória foi afetada, após um Acidente Vascular Cerebral (AVC), no dia 15 de agosto de 2009. Esqueceu a gravidez; os dois filhos; o trabalho como artesã; o casamento. "Apaguei e acordei sem lembranças de nada disso". Após um ano de tratamento, a memória ainda não voltou, mas a vida está em fase de recomeço. Luzitânia voltou a trabalhar, estuda o 3º ano do ensino médio e se dedica a um objetivo: manter a recuperação. "Tenho vontade de ficar boa".

No Brasil, o AVC é a maior causa de morte. E quando não é fatal, deixa sequelas neurológicas que, se não tratadas adequadamente, podem acompanhar o paciente para o resto da vida. Na tentativa de minimizar esses danos, um grupo de pesquisadores do Instituto do Cérebro, da UFRN está introduzindo no tratamento de pacientes vítimas de AVC, novas e divertidas terapias. No espaço do programa batizado de Prodiavc (Programa de Diagnóstico e Intervenção das Alterações do Sono, Cognitivas e Funcionais no Acidente Vascular Cerebral - Prodiavc), os jogos eletrônicos são disputados entre os pacientes.
"Todo mundo quer jogar. Tem até competição. É muito legal e divertido", diz Luzitânia. Ela já experimentou o videogame Wii (que é acionado pelo movimento do corpo) e o Alice no país das mãos. Esse foi desenvolvido pelos pesquisadores de diversos departamentos da UFRN - com partição do Departamento de Matemática Aplicada da UFRN. Já o Wii é uma plataforma comercial.
Em sessões de meia hora, duas vezes por semana, os pacientes se exercitam na máquina, estimulando a recuperação motora. A técnica lúdica ajuda a melhorar o equilíbrio e tenta regenerar o cérebro. Já o Alice foi desenvolvido especialmente para analisar as habilidades cognitivas dos pacientes, a partir da mentalização de imagens e movimentos. O Alice, explica o fisioterapeuta André Luís Pantoja, é uma tentativa de desenvolver jogos mais acessível e usuais ao paciente com AVC.
No Prodiavc, os pesquisadores procuram desenvolver técnicas de tratamento e recuperação que possam dar melhores resultados que as tradicionais terapias. Em um trabalho multidisciplinar, que inclui sete projetos de pesquisa em diversas áreas - da psicologia à reabilitação motora -, os pesquisadores sabem qual a interferência dessa realidade virtual no paciente.
O Prodiavc tem 12 pacientes em fase aguda - até o terceiro mês do AVC; e outros 40 na fase crônica - de seis meses a um ano do acidente. Luzitânia está na fase de recomeço. "Estou mais tranquila, menos estressada. Já falo direito. Mas o melhor é poder volta a pintar".
Grupo também faz campanhas de prevenção
O Prodiavc funciona atendendo pacientes vítima de AVC desde o ano passado e tem capacidade para tratar até 30 pessoas por semestre. A ideia do grupo, explica a fisioterapeuta Luciana Protásio de Melo, é levantar dados suficientes para comprovar a eficácia das técnicas.  Ao chegar no Prodiavc o paciente passa por uma avaliação geral, depois é submetido a fisioterapia tradicional, onde se trabalha a reabilitação motora, a força e a independência, e a cognitiva, com avaliação neuropsicológica.
Dentro da fisioterapia científica, explica a bióloga Daniela Moura, o objetivo é fazer com que o paciente exercite a mente. "Estamos estimulando essas pessoas a uma reabilitação, mas é uma pesquisa e ainda estamos procurando saber em que essas atividades podem facilitar uma reabilitação", afirma a fisioterapeuta Luciana Protásio.
Além do tratamento de pacientes, o Prodiavc faz campanhas de prevenção. Uma cartilha produzida pelos pesquisadores é distribuída a pacientes e cuidadores. Além disso, em outubro, o grupo lança a campanha de prevenção ao AVC.
Contato Prodia - 3342-5014
AVC
Características e dicas de ajuda
O que é AVC?
O Acidente Vascular Cerebral, também conhecido como trombose, derrame, isquemia ou infarto cerebral, é um problema neurológico, causado por uma dificuldade de fornecimento de sangue a uma determinada área de cérebro, podendo levar à diminuição ou perda de funções do corpo.
Tipos básicos:
Isquêmico - ocorre devido ao entupimento de vasos sanguíneos do cérebro, causado geralmente pela formação de um coágulo de sangue ou placas de gordura.
Hemorrágico - ocorre quando um vaso sanguíneo se rompe e, assim, o sangue se espalha dentro do cérebro (hemorragia). É considerado o tipo mais grave e com pior evolução, sendo mais comum em jovens.
Como desconfiar de um AVC?
Atitudes x principais sinais
- Peça ao paciente para dar um sorriso / Boca torta para um dos lados
- Peça um abraço ou para elevar os braços / um braço vai levantar e outro não, sinal de perda de força
- Peça para repetir uma frase  - vai perceber que a fala dela enrolada, mais difícil de compreender
Se atendido em até 3 horas do início do AVC tem chances de não apresentar sequelas
Fonte: Tribuna do Norte

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