Por Andrielle Mendes - Repórter de Economia
O Banco do Nordeste (BNB) não financia mais projetos de parques eólicos. As operações estão concentradas no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) desde o início de setembro. A mudança preocupa investidores, como o espanhol Maximo Lopéz, da Gestamp Wind, que diz falar em nome do setor e não só do Grupo. Para Lopéz, a centralização inviabiliza a maioria dos projetos em tramitação. Isso porque, segundo ele, o crédito oferecido pelo BNDES é mais caro que o oferecido pelo BNB. "Os juros são mais altos".
A medida atinge não só a Gestamp, mas todos os grupos que investem em eólica- principalmente os que optaram por investir no Nordeste, diz o executivo. "As condições no Sul são melhores", o que reduz os custos com logística e possíveis riscos para o negócio, justifica Lopéz. Quatro projetos da empresa estavam tramitando no BNB. Todos foram transferidos para o BNDES.
Pedro Cavalcanti, diretor da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) no Nordeste, é mais comedido. Para ele, a concentração dos investimentos no BNDES reduz a rentabilidade do empreendimento e aumenta o nível de dificuldade, mas não chega a inviabilizar todos os projetos. Os empreendimentos mais 'robustos', diz ele, não serão inviabilizados. Os mais frágeis, do ponto de vista econômico, sim. A medida, de acordo com o representante do setor, preocupa, mas não reduz o interesse dos investidores pelo Nordeste. Na avaliação dele, os grupos continuarão investindo na Região, no entanto, em condições menos favoráveis.
Pedro diz não entender a razão da medida. "Quando estamos lutando para garantir a sustentabilidade da indústria eólica, o principal agente financeiro da região Nordeste - o BNB - deixa de investir. Não tem sentido um banco do porte do BNB deixar de investir neste tipo de projeto". A equipe de reportagem entrou em contato com o Ministério de Minas e Energia e com a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República para saber as razões da mudança, mas não obteve retorno.
Segundo Pedro, o investidor que buscar empréstimos fora do Brasil também enfrentará dificuldade. "O mundo vive uma crise", justifica. De acordo com ele, não adianta estimular o setor, aumentando a frequência dos leilões, e reduzir as fontes financiadoras. Pedro acredita que o governo federal irá rever a medida e mudar a postura, descentralizando os financiamentos, num segundo momento. "E não vai demorar muito para isso".
Jean Paul Prates, ex-secretário estadual de Energia e Diretor Geral do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (Cerne), também acredita que a medida será revista. "Claro que governo e banco poderiam tomar esta decisão. Mas esta situação é um pouco traumática. O governo federal poderia rever os casos especiais", afirma, se referindo aos projetos que estavam sob análise do BNB e foram transferidos para o BNDES. O que mais preocupa, segundo Prates, é a 'retroatividade' da medida. Os investidores, que fizeram os cálculos com base na taxa de juros do BNB, terão que refazer todos os cálculos.
Contratos firmados com o BNB somam mais de R$ 900 milhões
Enquanto o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aplicou R$706 milhões em energia eólica no Rio Grande do Norte entre 2005 e 2011, o Banco do Nordeste (BNB) aplicou R$902 milhões entre 2009 e 2011 - R$196 milhões a mais em metade do tempo. Em 2010, o BNB bateu um recorde em financiamentos. O número foi puxado pelo setor eólico.
José Maria Vilar, superintendente do BNB no RN, reconhece que o Banco foi um dos principais motores do desenvolvimento do setor e esclarece que o BNB não 'decidiu cortar de vez os financiamentos para parques eólicos'; apenas seguiu uma diretriz do governo federal. Segundo ele, o BNB não tinha dinheiro suficiente para financiar o crescimento do setor e há meses buscava outras fontes de recursos.
O BNDES, por sua vez, informou, através da assessoria de imprensa, que possui recursos suficientes para financiar os projetos relevantes para o Nordeste. "Não haverá, portanto, qualquer interrupção no apoio aos projetos do Rio Grande do Norte ou a quaisquer outros". Vilar também acredita que a centralização dos financiamentos não afetará os investimentos em eólica no Nordeste. "A região continua tendo como diferenciais competitivos a velocidade e constância dos ventos", afirma.
Tribuna do Norte
A medida atinge não só a Gestamp, mas todos os grupos que investem em eólica- principalmente os que optaram por investir no Nordeste, diz o executivo. "As condições no Sul são melhores", o que reduz os custos com logística e possíveis riscos para o negócio, justifica Lopéz. Quatro projetos da empresa estavam tramitando no BNB. Todos foram transferidos para o BNDES.
Pedro Cavalcanti, diretor da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) no Nordeste, é mais comedido. Para ele, a concentração dos investimentos no BNDES reduz a rentabilidade do empreendimento e aumenta o nível de dificuldade, mas não chega a inviabilizar todos os projetos. Os empreendimentos mais 'robustos', diz ele, não serão inviabilizados. Os mais frágeis, do ponto de vista econômico, sim. A medida, de acordo com o representante do setor, preocupa, mas não reduz o interesse dos investidores pelo Nordeste. Na avaliação dele, os grupos continuarão investindo na Região, no entanto, em condições menos favoráveis.
Pedro diz não entender a razão da medida. "Quando estamos lutando para garantir a sustentabilidade da indústria eólica, o principal agente financeiro da região Nordeste - o BNB - deixa de investir. Não tem sentido um banco do porte do BNB deixar de investir neste tipo de projeto". A equipe de reportagem entrou em contato com o Ministério de Minas e Energia e com a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República para saber as razões da mudança, mas não obteve retorno.
Segundo Pedro, o investidor que buscar empréstimos fora do Brasil também enfrentará dificuldade. "O mundo vive uma crise", justifica. De acordo com ele, não adianta estimular o setor, aumentando a frequência dos leilões, e reduzir as fontes financiadoras. Pedro acredita que o governo federal irá rever a medida e mudar a postura, descentralizando os financiamentos, num segundo momento. "E não vai demorar muito para isso".
Jean Paul Prates, ex-secretário estadual de Energia e Diretor Geral do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (Cerne), também acredita que a medida será revista. "Claro que governo e banco poderiam tomar esta decisão. Mas esta situação é um pouco traumática. O governo federal poderia rever os casos especiais", afirma, se referindo aos projetos que estavam sob análise do BNB e foram transferidos para o BNDES. O que mais preocupa, segundo Prates, é a 'retroatividade' da medida. Os investidores, que fizeram os cálculos com base na taxa de juros do BNB, terão que refazer todos os cálculos.
Contratos firmados com o BNB somam mais de R$ 900 milhões
Enquanto o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aplicou R$706 milhões em energia eólica no Rio Grande do Norte entre 2005 e 2011, o Banco do Nordeste (BNB) aplicou R$902 milhões entre 2009 e 2011 - R$196 milhões a mais em metade do tempo. Em 2010, o BNB bateu um recorde em financiamentos. O número foi puxado pelo setor eólico.
José Maria Vilar, superintendente do BNB no RN, reconhece que o Banco foi um dos principais motores do desenvolvimento do setor e esclarece que o BNB não 'decidiu cortar de vez os financiamentos para parques eólicos'; apenas seguiu uma diretriz do governo federal. Segundo ele, o BNB não tinha dinheiro suficiente para financiar o crescimento do setor e há meses buscava outras fontes de recursos.
O BNDES, por sua vez, informou, através da assessoria de imprensa, que possui recursos suficientes para financiar os projetos relevantes para o Nordeste. "Não haverá, portanto, qualquer interrupção no apoio aos projetos do Rio Grande do Norte ou a quaisquer outros". Vilar também acredita que a centralização dos financiamentos não afetará os investimentos em eólica no Nordeste. "A região continua tendo como diferenciais competitivos a velocidade e constância dos ventos", afirma.
Tribuna do Norte
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