Lembrar
a luta do pai contra o câncer foi difícil para a jovem mulher, mesmo
alguns anos após a morte. Ele suportou primeiro a cirurgia e depois a
quimioterapia e a radioterapia até o câncer entrar em remissão. O pai
ficou animado, mas o tratamento agressivo o deixou com uma dor crônica e
debilitante. A partir deste momento, sofria até para andar dentro de
casa.
"Não foi o câncer que o levou", disse a filha. "Foi a dor".
O
pai procurou todos os médicos conhecidos, com pouca recompensa. Um
cirurgião olhou as feridas operatórias, afirmou que estavam curadas e
garantiu que não eram as responsáveis pela incapacidade. Tanto os
médicos do câncer e da radioterapia o parabenizaram pela remissão, mas
negaram a prescrição de medicamentos para a dor, já que não mais o
tratavam. Um dos médicos ouviu com atenção todas as descrições das
limitações, mas receitou apenas pequenas doses de remédios que pouco
ofereceram de alívio.
"Nunca vou esquecer o que meu pai passou", disse chorando. "Não desejo isso a ninguém".
Eu gostaria de ter garantido a ela que o caso de seu pai era raro. Infelizmente, porém, segundo um novo estudo do The Journal of Clinical Oncology, uma significante parcela de pacientes de câncer continua a sofrer de dor. Pesquisadores que entrevistaram mais de 3 mil pacientes com câncer verificaram que quase dois terços disseram que tinham dores ou tomavam medicamentos para dor. Quase um terço sentia que precisava de mais analgésicos para tratar os sintomas.
Um mês após os pacientes terem procurado os oncologistas, os pesquisadores perguntaram novamente sobre a dor. Ao invés de mostrarem melhoras, a parcela de pacientes que continuava com os sintomas permaneceu a mesma. As dores, em outras palavras, não foram tratadas.
As descobertas são um eco de uma pesquisa feita há quase duas décadas, que revelou que mais de 40% dos pacientes de câncer não receberam tratamento adequado para a dor. Enquanto pacientes estavam relutantes em pedir ajuda ou tomar analgésicos, os cientistas observaram que os médicos também ficavam relutantes em sugerir tais medicamentos. Quase um terço dos especialistas na doença esperavam até que o paciente estivesse a meses da morte para oferecer o máximo de controle para a dor.
Os resultados foram considerados surpreendentes pelos estudiosos de câncer e ajudaram a criar inúmeras iniciativas no final dos anos 90 e o início dos anos 2000 para melhorar a maneira como médicos tratavam a dor em geral. Os doutores passaram a receber a ordem de fazer cursos de controle de dores antes de renovarem as licenças. A dor foi declarada o quinto sinal vital, uma função do corpo a ser levada em conta após a temperatura, o batimento cardíaco, a respiração a e a pressão arterial. Sistemas de hospital, agências reguladoras e todas as organizações médicas, confiantes de que uma melhor educação e esforços explícitos eram necessários, lidaram com a situação como se fosse uma nova norma.
Infelizmente, no entanto, a nova norma se mostrou não tão diferente da antiga.
"Não foi um avanço muito grande", dosse Michael J. Fisch, professor de oncologia da Universidade do Texas e autor do estudo. Enquanto houve uma leve melhora no número de pacientes que tiveram as dores controladas, quase um terço foi foi inadequadamente tratado.
Alguns dos resultados desapontadores podem ser creditados aos medos de médicos e pacientes de um vício narcótico ou preocupações sobre os efeitos colaterais. A principal razão, porém, de acordo com Fisch, é que as primeiras iniciativas simplesmente subestimaram a complexidade do controle de dores fortes.
Para otimizar o tratamento de cores, médicos precisam interagir com cuidado com os pacientes e fazer perguntas diretas e francas, já que podem vir de culturas diferentes e descreverem os sintomas de maneiras únicas. Um chinês, por exemplo, pode dizer que a perna está "azeda", ao contrário de "dolorida". Um homem de uma comunidade que valoriza o estoicismo pode mencionar que está confinado um quarto, mas não descrever a cortante dor que sofre intermitentemente.
Sem surpresas, pacientes de minorias mostraram no estudo mais dificuldades em conseguir controle adequado de dores. Pacientes com câncer que viviam com dores também estavam menos propensos a terem suas dores adequadamente controladas, comparados com outros. O sistema de seguro americano oferece pouco inventivo para um solteiro assumir as responsabilidades para todas as complexas necessidades. Oncologistas podem não estar mais interessados em ver ou cuidar deles porque já terminaram o tratamento da doença e definem a situação como particulamente "boa".
Muitos médicos também podem simplesmente hesitar em assumir a pesada responsabilidade de monitorar o uso de remédios por um paciente, quando se sabe do desafio de entender com certeza qual a dose suficiente, tendo em mente as possíveis complicações letais do uso em excesso.
"Um médico não pode deixar de pensar, 'serei eu o responsável por receitar estes medicamentos até o fim da vida do paciente'", diz Fisch.
Enquanto o estudo oferece importante acréscimo a um trabalho concluído duas décadas antes, também representa um crescente interesse entre pesquisadores sobre os sintomas do câncer, particularmente pelo cada vez maior número de pessoas que vivem mais que os pacientes há uma década. Graças aos avanços no tratamento da doença, mais da metade dos pacientes agora vive mais cinco anos ou mais após o primeiro diagnóstico do mal. "Precisamos estar melhor preparados para este bom cenário", conta Fisch, já que pode incluir adicionar não só mais anos de visa, mas também persistente fatiga, artrite, depressão, problemas para dormir e dores crônicas.
Neste último caso, uma coisa é clara: implementar as avaliações e a educação dos médicos não é suficiente.
Da Agência O Globo
"Nunca vou esquecer o que meu pai passou", disse chorando. "Não desejo isso a ninguém".
Eu gostaria de ter garantido a ela que o caso de seu pai era raro. Infelizmente, porém, segundo um novo estudo do The Journal of Clinical Oncology, uma significante parcela de pacientes de câncer continua a sofrer de dor. Pesquisadores que entrevistaram mais de 3 mil pacientes com câncer verificaram que quase dois terços disseram que tinham dores ou tomavam medicamentos para dor. Quase um terço sentia que precisava de mais analgésicos para tratar os sintomas.
Um mês após os pacientes terem procurado os oncologistas, os pesquisadores perguntaram novamente sobre a dor. Ao invés de mostrarem melhoras, a parcela de pacientes que continuava com os sintomas permaneceu a mesma. As dores, em outras palavras, não foram tratadas.
As descobertas são um eco de uma pesquisa feita há quase duas décadas, que revelou que mais de 40% dos pacientes de câncer não receberam tratamento adequado para a dor. Enquanto pacientes estavam relutantes em pedir ajuda ou tomar analgésicos, os cientistas observaram que os médicos também ficavam relutantes em sugerir tais medicamentos. Quase um terço dos especialistas na doença esperavam até que o paciente estivesse a meses da morte para oferecer o máximo de controle para a dor.
Os resultados foram considerados surpreendentes pelos estudiosos de câncer e ajudaram a criar inúmeras iniciativas no final dos anos 90 e o início dos anos 2000 para melhorar a maneira como médicos tratavam a dor em geral. Os doutores passaram a receber a ordem de fazer cursos de controle de dores antes de renovarem as licenças. A dor foi declarada o quinto sinal vital, uma função do corpo a ser levada em conta após a temperatura, o batimento cardíaco, a respiração a e a pressão arterial. Sistemas de hospital, agências reguladoras e todas as organizações médicas, confiantes de que uma melhor educação e esforços explícitos eram necessários, lidaram com a situação como se fosse uma nova norma.
Infelizmente, no entanto, a nova norma se mostrou não tão diferente da antiga.
"Não foi um avanço muito grande", dosse Michael J. Fisch, professor de oncologia da Universidade do Texas e autor do estudo. Enquanto houve uma leve melhora no número de pacientes que tiveram as dores controladas, quase um terço foi foi inadequadamente tratado.
Alguns dos resultados desapontadores podem ser creditados aos medos de médicos e pacientes de um vício narcótico ou preocupações sobre os efeitos colaterais. A principal razão, porém, de acordo com Fisch, é que as primeiras iniciativas simplesmente subestimaram a complexidade do controle de dores fortes.
Para otimizar o tratamento de cores, médicos precisam interagir com cuidado com os pacientes e fazer perguntas diretas e francas, já que podem vir de culturas diferentes e descreverem os sintomas de maneiras únicas. Um chinês, por exemplo, pode dizer que a perna está "azeda", ao contrário de "dolorida". Um homem de uma comunidade que valoriza o estoicismo pode mencionar que está confinado um quarto, mas não descrever a cortante dor que sofre intermitentemente.
Sem surpresas, pacientes de minorias mostraram no estudo mais dificuldades em conseguir controle adequado de dores. Pacientes com câncer que viviam com dores também estavam menos propensos a terem suas dores adequadamente controladas, comparados com outros. O sistema de seguro americano oferece pouco inventivo para um solteiro assumir as responsabilidades para todas as complexas necessidades. Oncologistas podem não estar mais interessados em ver ou cuidar deles porque já terminaram o tratamento da doença e definem a situação como particulamente "boa".
Muitos médicos também podem simplesmente hesitar em assumir a pesada responsabilidade de monitorar o uso de remédios por um paciente, quando se sabe do desafio de entender com certeza qual a dose suficiente, tendo em mente as possíveis complicações letais do uso em excesso.
"Um médico não pode deixar de pensar, 'serei eu o responsável por receitar estes medicamentos até o fim da vida do paciente'", diz Fisch.
Enquanto o estudo oferece importante acréscimo a um trabalho concluído duas décadas antes, também representa um crescente interesse entre pesquisadores sobre os sintomas do câncer, particularmente pelo cada vez maior número de pessoas que vivem mais que os pacientes há uma década. Graças aos avanços no tratamento da doença, mais da metade dos pacientes agora vive mais cinco anos ou mais após o primeiro diagnóstico do mal. "Precisamos estar melhor preparados para este bom cenário", conta Fisch, já que pode incluir adicionar não só mais anos de visa, mas também persistente fatiga, artrite, depressão, problemas para dormir e dores crônicas.
Neste último caso, uma coisa é clara: implementar as avaliações e a educação dos médicos não é suficiente.
Da Agência O Globo
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