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terça-feira, 21 de maio de 2013

TelexFree: dinheiro fácil ou incerto?

Júnior SantosEmpresa não tem investigação no Rio Grande do Norte
 Empresa não tem investigação no Rio Grande do Norte
Dos R$ 5 mil mensais ganhos através do salário, um técnico em construção civil natalense viu sua conta bancária inflar para os atuais R$ 62 mil em menos de um ano e através de um modelo de “garimpagem” de recursos que ainda gera dúvidas e desconfianças quanto à sua legalidade: o TelexFree. No Rio Grande do Norte, pelo menos uma dúzia de pessoas já chegou ao patamar de milionários com o TelexFree. Para os mais velhos, o dinheiro que vem fácil vai embora ainda mais facilmente. Para os jovens, porém, uma oportunidade de enriquecimento em curto prazo e sem ilegalidades até agora comprovadas, mas sob investigação da Polícia Federal e Procuradoria Geral da República em sete estados brasileiros.
No estado potiguar, o TelexFree não é alvo investigatório do Ministério Público Estadual, tampouco do Federal. Além disso, a Secretaria de Acompanhamento Econônico do Ministério da Fazenda, encerrou o processo investigativo contra a TelexFree pois não identificou a caracterização de captação de recursos para formação de poupança. Mas, recentemente, a Secretaria Nacional da Defesa do Consumidor, órgão vinculado ao Ministério da Justiça, abriu investigação em desfavor da TelexFree.

Há suspeita de formação de pirâmide financeira, na qual cada participante precisa pagar para entrar e a cada novo membro agregado, há um ganho percentual pelo que é conhecido como “team builder” (o líder do time) em cima de cada um dos novos divulgadores. Até que se julgue o mérito da causa, porém, a possibilidade de se obter sucesso similar ao do técnico em construção civil que abriu esta reportagem, atrai um verdadeiro exército de jovens, adultos e até mesmo idosos que sonham com algumas cifras a mais em suas contas bancárias.


No Rio Grande do Norte, entretanto, o TelexFree já não desperta mais o mesmo interesse da época em que se tornou popular entre os potiguares, há quase um ano. Hoje, o que se percebe, é a interiorização da captação de divulgadores, que tem como objetivo comprar uma conta no valor de R$ 2.890, que serve como adesão e pela qual recebem 55 linhas, que correspondem a um pacote de serviços Voip. Os divulgadores precisam vender o sistema de ligação ilimitada através da internet, o Voip, e realizar cinco anúncios diariamente em sites gratuitos, através do sistema de marketing multinível (anúncio boca-a-boca) pelos quais recebem R$ 200 semanais.

Em Natal, porém, a maioria dos divulgadores do TelexFree recuam quando questionados se renovarão seus contratos quando completado um ano de adesão. “Hoje, eu não sei se entraria no TelexFree. Eu percebi que o sistema não se sustenta e é mantido por quem entra”, afirma uma professora de história que é dona de uma conta no TelexFree.

 Ela confirma que jamais vendeu um único sistema de ligação via Voip da TelexFree e não acredita na qualidade do serviço. “Estou pelo dinheiro”, assevera. Diferente da venda de outros tipos de serviços e produtos, o TelexFree atrai cada vez mais pessoas com nível superior e empresários.

Assim como a professora de história, o próprio técnico em construção civil diz que, se fosse hoje, não se tornaria um divulgador da TelexFree. Isto porque, com o passar do tempo e o inchaço causado em decorrência da propaganda de ganhos excessivos de forma fácil e sem sair de casa, muitas pessoas se tornaram divulgadoras. O próprio técnico, é dono de 46 contas hoje em dia. Para administrá-las, ele contratou um assistente ao qual paga, mensalmente, o salário de R$ 1.500.

Para o economista Aldemir Freire, porém, os ganhos fáceis e exorbitantes são duvidosos. Ele alerta que o cidadão deve ficar atento às ofertas de lucro rápido e fácil sem sair de casa. “O risco principal é o de perder tudo o que foi investido. Existem pessoas que fizeram empréstimos para investir no TelexFree. É preciso cautela”, alerta o economista.
Arte/TNTelexfree 
Telexfree


Ostentação e novos mercados

Efetuar a compra de móveis para mobiliar um apartamento é o sonho de qualquer jovem casal. Mas pagar R$ 36 mil à vista pelas peças que irão compor a cozinha, quartos, salas, ainda é para poucos. Entretanto, o pagamento em espécie ou em cartão de débito em conta tem sido uma constante na vida do técnico em construção civil desde que ele começou a lucrar com o TelexFree. “Não perdi, até hoje, R$ 1 com o TelexFree”, destaca. E seus ganhos, desde que iniciou, com investimentos da ordem dos R$ 32 mil, só fizeram crescer.

Mensalmente, ele chega a receber R$ 40 mil. Na manhã da quarta-feira, 1º de maio, o saldo da conta corrente era de R$ 62 mil. Em menos de um ano, ele comprou um apartamento de R$ 200 mil, um veículo de luxo avaliado em R$ 110 mil, além dos móveis e também de ter investido outros R$ 32 mil no próprio TelexFree, quando efetuou a compra de mais contas próprias. 

E para convencer e ganhar novos divulgadores é preciso ostentar, diz o técnico em construção civil. Por isso que ele trocou de veículo, saindo de um popular para um importado. “Não há nada que nos leve a crer que é um procedimento ilegal. A própria TelexFree chegou a pagar R$ 42 milhões em Imposto de Renda no ano passado. E eu declarei todos os meus lucros este ano ao Leão”, assegura. 

Mesmo assim, ele pensa em não renovar o contrato com a TelexFree.  Isto porque, há no mercado nacional novas empresas com o perfil similar ao da TelexFree que oferecem ainda mais vantagens. Em uma delas, a NNEX, que tem como objetivo “promover o empreendedorismo digital no Brasil e no mundo”, conforme exposto no portal da empresa na internet, o técnico em construção civil lucrou, em menos de dois meses, R$ 160 mil, quando investiu R$ 5 mil para aderir ao modelo de “home office”. Com um sócio, ele leva para o interior do estado a perspectiva de jovens e adultos trilharem caminhos similares ao dele: ganhando dinheiro facilmente. Somente na NNEX, ele visa investir R$ 40 mil.

Tribuna do Norte

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