Júnior Santos
Apesar da queda no número de fumantes, o peso dos
gastos permanece em destaque por causa da elevação do preço do produto
Rio de Janeiro (ABr) - Os gastos da população com cigarros têm se
mantido nos últimos anos e o peso dessas despesas no orçamento mensal
dos consumidores “é relevante”, disse o economista do Instituto
Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), André
Braz. No Dia Mundial sem Tabaco, comemorado ontem, o economista comentou
as implicações do consumo de cigarro para o orçamento doméstico.
Segundo ele, os consumidores gastam com o cigarro o dobro do que usam
para comprar arroz e feijão. “1,20% da renda média é gasta com cigarro. É
um número representativo se se olhar o gasto com arroz e feijão, que é a
metade disso, 0,60%”, diz.
Segundo
dados da Souza Cruz, em 2012, a empresa atingiu 74,9% do mercado
brasileiro de cigarros, confirmando a primeira posição no setor. No
quarto trimestre a participação teve um crescimento de 1,2 ponto
percentual no ano, chegando à participação recorde na sua história, de
76.6%. Ainda de acordo com a empresa, o lucro operacional ficou em R$
2.37 bilhões, que representa aumento de 9% em relação a 2011. O
desempenho incluí os resultados com exportação de tabaco, que no mesmo
período de comparação, conforme a companhia, teve crescimento de 106%.
O
valor médio em reais dos gastos dos consumidores, no entanto, não é
calculado, segundo o economista da FVG, porque varia conforme a
quantidade de fumo por família e o número de integrantes de cada uma.
André
Braz explicou que os gastos sempre tiveram peso relevante (acima de
1%), mas ficaram estáveis nos últimos dez anos porque quem gosta de
fumar não abre mão do cigarro. Braz esclareceu que, apesar da queda no
número de fumantes, o peso dos gastos permanece em destaque por causa da
elevação do preço do produto. “O governo implementou uma política de
aumento de imposto do produto para desestimular, então ainda que o
número de fumantes seja em menor grupo, sustenta o vício a um preço
maior”, disse.
Queda
De
acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), na população
com mais de 15 anos de idade, o consumo de cigarros no Brasil caiu de 32
%, em 1989, para 17% em 2008. Os 17% correspondem a 25 milhões de
fumantes.
Para o pneumologista do Inca, Ricardo Meirelles, a
queda é resultado de um conjunto de ações do Programa Nacional de
Antitabagismo. “A conscientização da população sobre o tabagismo e as
leis são importantes. A lei que proíbe o fumo em ambiente fechado é
importante porque sensibiliza o fumante e o incentiva a parar de fumar. A
gente nota que as pessoas querem parar de fumar por que não têm mais
liberdade de fumar como antigamente.”
Para o pneumologista, o
aumento no preço do cigarro também influencia no combate ao vício. Citou
também outros fatores: a proibição de propaganda, as campanhas para que
os jovens não comecem a fumar, o aumento da oferta de assistência ao
fumante na rede pública e, por último, a proibição que as pessoas fumem
em prédios públicos.
Tribuna do Norte
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