A escassez de chuvas por um período
prolongado no semiárido do Rio Grande do Norte não provocou efeitos
negativos apenas ao homem do campo. Ao contrário, além do sertanejo, o
impacto da estiagem avançou mais e prejudicou os negócios também na área
urbana dos municípios inseridos no perímetro da seca. 69% dos negócios
instalados na zona urbana de 33 cidades potiguares foram, de alguma
forma, afetados pela aridez, principalmente o comércio. 76% das pequenas
empresas registraram queda no faturamento. As micro e pequenas empresas
(MPEs) que tiveram maior impacto com a seca estão localizadas nos
municípios de Almino Afonso, Apodi, Florânia, Ipanguaçu, Lajes, Patu e
Serra Negra.
As informações fazem parte do estudo ‘O Impacto da Seca para as Micro e Pequenas Empresas no Semiárido do Rio Grande do Norte’, realizado pelo Sebrae no Rio Grande do Norte.
Realizada entre maio e junho deste ano, a pesquisa avalia os
indicadores de desempenho após o período da seca e as ações adotadas
para sanar o impacto gerado nos empreendimentos devido à falta de
chuvas.
“O impacto ainda tem chegado de maneira intensiva e silenciosa no
meio urbano, mas repercute diretamente na redução dos lucros. Além da
capacitação dos empresários para conviver com esse cenário, é importante
que o governo passe a criar estruturas de apoio e fomento para o
desenvolvimento de atividades econômicas que não possuam relação com a
seca, como é o caso do comércio e serviço, ou que tenham mercado mais
amplo, como é o caso atual das facções”, observa o diretor técnico do
Sebrae-RN, João Hélio Cavalcanti.
A pesquisa mostra que a maior parte (74,3%) dos negócios tem
faturamento mensal de até 15 mil, sendo que nessa mesma faixa 47,7%
obtêm uma receita de até R$ 5 mil por mês. As empresas pesquisadas
basicamente concentram-se nos setores de comércio (79,8%), serviços
(17,5%) e indústrias (2,7%). Pela avaliação dos reflexos da seca, 39,3%
dos empresários pesquisados afirmam que a seca afetou razoável ou
parcialmente os negócios, enquanto 29,7% relatam que a seca prejudicou
muito a atividade. Já 31% acreditam o período não afetou o desempenho da
empresa.
Para o grupo que considerou a seca foi um problema, as
maiores dificuldades estavam ligadas a redução de vendas (55,2%),
diminuição do número de clientes (15,6%), queda nos lucros (10,8%) e
inadimplência (6,4%).
INDICADORES
O levantamento também traçou uma avaliação dos indicadores de
desempenho das empresas e constatou que a diminuição do faturamento
lidera a lista com 76%, seguido da redução do número de clientes
(58,6%), redução do volume de produtos em estoque (40,4%), freio na
produção de bens ou serviços (36,4%) e diminuição da quantidade de
empregados (15%). O fiado aumentou para 35,6% dos entrevistados, assim
como o preço dos produtos (35%), custos de produção (30,8%) e as dívidas
da empresa (22,1%).
A pesquisa feita pelo Sebrae comprova que o empresariado potiguar
ainda está despreparado para driblar as adversidades. Pelo estudo, 63,9%
dos proprietários de negócios das cidades onde foi verificada a seca
não implementaram nenhuma medida para sanar ou pelo menos amenizar os
efeitos gerados pela estiagem. Quem se preocupou, fez promoções para
aumentar as vendas (17,7%) ou adotou outras medidas. “O empresariado
está muito acomodado. É necessário que se crie mecanismo para se
prevenir e se proteger dos reflexos da seca. Oportunidades também surgem
em cenários adversos”, analisa João Hélio Cavalcanti.
Foram pesquisadas empresas das cidades de Afonso Bezerra, Almino
Afonso, Alto do Rodrigues, Angicos, Apodi, Assu, Caicó, Campo Grande,
Carnaúba dos Dantas, Carnaubais, Currais Novos, Florânia, Ielmo Marinho,
Ipanguaçu, Jandaíra, Janduís, João Câmara, Lagoa Nova, Lajes, Messias
Targino, Nova Cruz, Parelhas, Patu, Pau dos Ferros, Pedro Avelino,
Pendências, Portalegre, Santana do Matos, Santo Antônio, São Tomé, Serra
Negra, Touros e Umarizal.
O objetivo do levantamento foi verificar se a estiagem prejudicou as
MPEs, as dificuldades encontradas e o que preciso ser feito para
minimizar os efeitos na visão dos empresários. Foram entrevistados 404
proprietários de negócios de pequeno porte instalados na zona urbana de
33 municípios do semiárido potiguar, utilizando a técnica da amostragem
estratificada proporcional, com erro de 5% e intervalo de confiança de
95%.
Gazeta do Oeste
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