Aquecer o produto não mata o vírus HPV; doenças causadas por fungos e bactérias também podem ser transmitidas se não há descarte
É importante que a cera seja jogada no lixo
após ser retirada da pele (Foto: Getty Images)
Descartar a cera é pré-requisito
no processo de depilação. Todas as profissionais do ramo de beleza
conhecem bem a regra, o problema é quando resolvem abrir uma exceção e
reaproveitar o produto, ignorando completamente os riscos à saúde de
seus clientes. Apesar da alta temperatura, a cera reaquecida várias
vezes não elimina vírus, bactérias e fungos que podem causar sérias
infecções na pele e até câncer. A doença mais perigosa e
complicada de ser tratada é o HPV (papilomavírus humano), um vírus
responsável por 70% dos casos de câncer de colo de útero. “Em hipótese
alguma a cera deve ser reutilizada com a justificativa de que o vírus
morre com o aquecimento.
O HPV é altamente contagiosos e super
resistente. Se houver secreção vaginal com o vírus, ele permanecerá ali.
Em contato com a mucosa, ele pode ser transmitido”, explica a
dermatologista Carolina Marçon.
Há mais de cem tipos diferentes
de HPV e muitas pessoas nem sempre sabem identificar quando estão
contaminadas porque a doença se manifesta de forma diferente. Segundo a
OMS (Organização Mundial de Saúde), 290 milhões de mulheres no mundo são
portadoras do HPV, cerca de 270 mil morrem por ano devido ao câncer do
colo do útero. No Brasil, o Inca (Instituto Nacional do Câncer José
Alencar Gomes da Silva) estimou o surgimento de 15 mil novos casos da
doença.
O cenário é tão preocupante que o Ministério da Saúde
realiza campanha anual de vacinação contra o vírus. Até o início de
dezembro, 5 milhões de meninas com idades entre 11 e 13 anos foram
imunizadas; a partir de 2015, as pequenas de 9 a 11 serão vacinadas.
“Ficar atenta se a cera é reaproveita no salão também é uma forma de
controlar a doença”, orienta a médica, que é membro da Sociedade
Brasileira de Dermatologia.
A micose é outra doença que pode ser
transmitida pela cera reutilizada. “Se a pessoa está com uma micose em
alguma parte do corpo, o fungo que causa esta infecção pode permanecer
no produto mesmo após o aquecimento”, lembra Carolina. A especialista
destaca, ainda, que infecções bacterianas também podem ser passadas a
outras pessoas. “A bactéria vai proporcionar, por exemplo, a furunculose
e o abscesso (acúmulo de pus no tecido)”, esclarece.
Minimize os riscos
Para
evitar a contaminação, a única alternativa é jamais usar cera
reaproveitada. O problema é que não há como saber se o produto já foi
utilizado em outra pessoa antes. Em alguns salões, a cera é reaquecida e
passada em uma espécie de peneira para retirar algum resquício de pelo e
parecer novinha. Cuidado, as aparências enganam!
“Não há como
saber se é reuso somente olhando a cera. Então, é preciso perguntar e
prestar atenção no ambiente”, sugere a dermatologista, indicando os
pontos que devem ser observados antes de encarar a depilação fora de
casa: a profissional deve usar luvas e espátula descartáveis, além de
máscara; os lençóis de maca precisam ser de papel e trocados antes do
uso; a cera deve ser jogada no lixo após ser retirada da pele; é
importante evitar pinças, principalmente na virilha.
Além de
analisar o ambiente de depilação, uma dica é optar pelo método roll-on –
quando o produto é eliminado da pele com papel de TNT (Tecido não
Tecido). A cera fria também é aplicada desta forma, é um processo menos
agressivo e evita queimaduras, porém, pouco recomendado a pessoas muito
sensíveis à dor.
Tratamento precoce
Independentemente
dos cuidados com o local de depilação, ninguém está completamente
imune. Por este motivo, é importante procurar um médico diante de
qualquer lesão na pele. “O HPV pode se manifestar como uma verruga, mas
há outras formas. A micose pode parecer um ressecamento ou uma mancha na
pele. Não importa a forma, os riscos de espalhar rapidamente e
transmitir para outras pessoas são grandes. Tratar precocemente garante
resultados mais efetivos e evita a contaminação”, conclui a
dermatologista.
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