Para a psicóloga Lígia Maria Moreira de Carvalho Viana, quem vive magoado e não dá margem ao perdão, perde a qualidade de vida e a paz. "Por mais injustiças que tenham cometido contra nós, a atitude mais inteligente e racional é o perdão. Quem alimenta o ódio é sempre o mais prejudicado porque simplesmente aprisiona esse sentimento dentro de si durante as 24 horas do dia, provocando um grande estrago que pode prejudicar uma pessoa para o resto da vida. A medicina já comprova que a mágoa pode causar sérios transtornos emocionais, problemas psicossomáticos e até o câncer. A mágoa nos torna mesquinhos e sem expressão de alegria. É extremamente importante o ato de perdoar", pontua.
Para ela, não há erro que não exista perdão, tudo pode ser perdoado, até um crime pode ser perdoado. "Mas o sentimento mais difícil de ser perdoado é a falta de confiança, que é uma base muito importante da relação, de amigo, irmão, filho, marido e mulher. A maior ofensa é quando sentimos não poder mais confiar nem acreditar em alguém,independente do que tenha feito".
Principal alicerce de conversão ao cristianismo, o perdão está inserido em todos os sermões de pregadores de todas as paróquias e congregações cristãs que tomam como base a oração do Pai Nosso, quando Jesus Cristo ensinou a força do perdão há 2011 anos. "O apelo de 'perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido' ainda hoje ecoa nas igrejas, nos corações e mentes dos seres humanos. Quem entende esse apelo é mais feliz e mais resolvido na vida", garante o pastor Airton Schroeder, líder da Igreja Luterana em Natal, porque o perdão a Deus tem uma interligação com o perdão ao próximo, se não perdoa o próximo não vai conseguir buscar o perdão de Deus.
"Para um cristão, o perdão é a chama do arrependimento. Por isso, perdoar é esquecer, passar a régua, é não mais usar como acusação algum fato do passado", explica o pastor, ressaltando que é até natural que um assunto do passado venha à memória, mas se está perdoado não mais causa constrangimento, raivaou qualquer reação dessa natureza. "Quem não perdoa, carrega mágoas, sofre com isso, causa amarguras e, às vezes, deixa de ser feliz pelo orgulho em não perdoar". Apesar do perdão ser um ato divino, o pastor defende que ele não deve ser uma obrigação. "Você perdoa porque Deus manda perdoar, mas não deve ser assim, o perdão deve ser um ato voluntário recorrente de fé e amor a Deus, a si e ao próximo". O problema, ressalta ele, é que as pessoas deixam que o tempo resolva as situações, mas é um equívoco porque o tempo não perdoa e as pessoas acabam se escondendo por trás desse argumento e alimentando situações de ódio e rancor.
O pároco da Catedral, padre Aerton Sales da Cunha, cita que a Quaresma é o tempo de preparação ideal para a prática do ato de perdoar. Nessa época, os católicos são motivados à confissão que é a busca do perdão. "O perdão é indispensável para o cristão, quem não perdoa não pode ser cristão, porque este foi o grande ensinamento de Jesus com palavras, parábolas e testemunho pessoal.
Fonte: Diário de Natal
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