Cultura
Desde ontem, 31 de outubro é o “Dia D”. Aniversário de nascimento de Carlos Drummond de Andrade que passa a ser uma data fixa no calendário cultural para relembrarmos um de nossos maiores poetas. O ar de celebração aproxima o leitor da obra de Drummond, numa versão local do Bloomsday irlandês, que relembra anualmente, a cada dia 16 de junho, as peripécias de Leopold Bloom narradas no “Ulisses”, de James Joyce.
Drummond e o Dia D II
A homenagem a Drummond é organizada pelo Instituto Moreira Salles, e conta com diversos parceiros, entre eles a Companhia das Letras, editora que passa publicar sua obra poética a partir de 2012. O ano que vem promete ser ainda mais repleto de homenagens ao autor de “A máquina do mundo”. Que lembrarão os 110 anos de seu nascimento e que devem ter seu ponto alto na 10ª edição da Flip, dedicada ao poeta. No link abaixo, você tem toda a programação do “Dia D”.
Drummond e o Dia D III
Se há um autor nacional capaz de propiciar esse tipo de evento é Drummond. Talvez apenas Machado de Assis consiga essa proeza de atender a um amplo espectro de leitores. Mas Machado é acima de tudo um prosador, e é coisa rara ver as pessoas declamando passagens de seus contos e romances. Drummond, por sua vez, tem essa característica popular. Seu “No meio do caminho” pode ilustrar uma matéria televisiva, e ao mesmo tempo causar celeuma em sua recepção crítica (como ocorreu nos anos 1930) com seu excesso de coloquialismo, num mundo ainda repleto de ecos de uma poesia rococó.
Drummond e o Dia D IV
Drummond consegue ser o cronista de jornal, o poeta de versos singelos com articulação próxima ao cancioneiro popular, mas também o sofisticado artista de colossos como “A rosa do povo”, “Sentimento do mundo” e “Claro enigma”, uma das maiores obras da nossa língua. Drummond, em dias áridos como os nossos, é o escritor capaz de unir essas duas pontas cada vez mais dissociadas no país: o genuíno talento artístico e a universalidade de sua obra.
Drummond e o Dia D V
Duas versões do poeta sempre me são recorrentes. O curta “O fazendeiro do ar”, realizado por Fernando Sabino e David Neves, nos anos 1970. Com suas passagens pelo Palácio Capanema, no Centro do Rio, em que o poeta dá mostra de seu humor e gaiatice, e que se choca com a imagem sisuda que se faz dos escritores em geral e de Drummond em particular (o circunspecto senhor calvo, de óculos de aro escuro). E Tom Jobim relatando que na juventude seguia o poeta à distância pelas ruas de Copacabana, tamanha a sua admiração por Drummond. Declarações como essa talvez dêem uma dimensão mais viva do efeito de sua obra sobre nosso cenário artístico e cultural. Você assiste a “O fazendeiro do ar” no link abaixo:
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