O psiquiatra especialista em dependência química Jorge Jaber, que trabalha com adolescentes de diferentes classes sociais - em seu consultório particular e também em um projeto social na Barra da Tijuca - chama atenção para o uso abusivo do álcool numa idade precoce, aos 8, 10 anos. Ele destaca um comportamento perigoso dos familiares dos pacientes:
- Muitos pais que bebem querem o companheirismo dos filhos. Assim como têm amigos de bar, eles querem que os filhos sejam os companheiros de bar. Às vezes, começam a incentivar o consumo ainda quando crianças.
Para Jaber, não apenas o abuso do álcool, mas a mistura da bebida com outras drogas é motivo de preocupação.
- Quando a criança ou o adolescente usa álcool e cocaína, álcool e craque ou anfetamina, para perder peso, por exemplo, a compulsão que percebemos é muito parecida com a de alcoólatras já definidos.
O especialista dá dicas aos pais de adolescentes que desconfiam que os filhos estão abusando da bebida. O mais importante, ele diz, é evitar gerar uma briga por causa do assunto, já que a discussão não ajuda a conscientizar o jovem, mas o afasta da família:
- Aguente firme e procure ajuda. O mais importante é continuar estabelecendo diálogo.
Um sinal de que algo está errado é a perda pelo adolescente do controle dos cuidados básicos - sono, hábitos alimentares e de higiene. Além disso, problemas de saúde constantes podem indicar queda dos anticorpos num organismo fragilizado pela bebida: gripes, resfriados, tosses, infecções respiratórias, e mal-estar gástrico, com azia e vômito frequentes. Por fim, rotineiras alterações de humor também podem ser sugestivas.
- Mesmo nesse período de mudança de comportamento, é bom procurar um especialista para que a família tenha uma atitude eficiente em relação a este jovem - conclui.
Da Agência O Globo
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