A interrupção
inesperada de uma gestação não é um acontecimento raro, mas sempre
doloroso e desgastante para os casais. Estima-se que os abortos
espontâneos atinjam entre 10% e 15% das gestações antes de elas
completarem 24 semanas. O evento costuma ser considerado normal e os
pais são encorajados a uma nova tentativa sem que seja necessária uma
investigação aprofundada. No entanto, existem mulheres que passam por
esse abalo emocional sucessivamente. Quando ocorre pelo menos três vezes
consecutivas, o problema passa a ser diagnosticado como abortamento
habitual, que, segundo pesquisadores da Escola de Medicina da
Universidade de Warwick, no Reino Unido, pode estar ligado a uma
receptividade prolongada ou irrestrita da parede do útero (endométrio)
para o óvulo fecundado.
Há cerca de uma década, a comunidade
científica investiga a participação da parede uterina na fixação e no
desenvolvimento dos embriões. Debruçados sobre essa questão, os
cientistas britânicos tentaram entender mais detalhadamente a chamada
janela de implantação, período em que o endométrio está preparado para
receber e fixar o embrião, proporcionando o seu desenvolvimento. Em um
ciclo menstrual normal — de 28 dias — a janela abre no 19º dia, cerca de
quatro dias depois da ovulação. É aproximadamente o tempo que o óvulo
fecundado pelo espermatozoide leva para percorrer a trompa uterina, onde
ocorre a fecundação, e chegar ao útero. Esse processo também implica em
uma reação inflamatória no órgão que ajuda a proporcionar a
implantação.
Diário de Pernambuco
Nenhum comentário:
Postar um comentário