Temática deste ano é a Cooperação pela Água; relatório da ONU aponta que demanda vai crescer 55% até 2050
O tema não representa apenas este dia. A ONU definiu
2013 como o Ano Internacional de Cooperação pela Água. A intenção é
conscientizar a população mundial a respeito dos desafios do
gerenciamento da água do planeta e da necessidade de um esforço global
para enfrentar o problema. A má utilização da água no mundo é,
justamente, um dos pontos básicos da 4ª edição do relatório da ONU sobre
o desenvolvimento dos recursos hídricos. O texto, que ainda aponta
questões como pressões do clima, crescimento demográfico e aumento da
demanda por energia e alimentos, foi apresentado na abertura do 6º Fórum
Mundial da Água, em Marselha, na França, no ano passado.
Existem dois riscos: o risco de escassez por aumento
da demanda e da escassez de qualidade devido à contaminação da água
disponível
Carlos Eduardo Morelli Tucci
professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS
De acordo com o relatório, a demanda mundial por água
vai crescer cerca de 55% até 2050. Enquanto isso, o crescimento
demográfico nos próximos 40 anos está estimado em dois a três bilhões de
pessoas. Tucci, doutor em Recursos Hídricos pela Colorado State
University e professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), explica o problema.
“Existem dois riscos: o risco de escassez por aumento da demanda (maior
quantidade de usuários e demanda) e da escassez de qualidade devido à
contaminação da água disponível”.
Conforme o professor, a demanda cresce não apenas devido
ao aumento da população, mas também por causa de mudança de hábitos,
incremento da renda e outros fatores. “Não é a água que pode faltar, mas
o aumento de demanda que faz com que a mesma quantidade seja disputada
por um maior número de usuários, além da redução da disponibilidade pela
contaminação”, explica o professor.
A água não acaba
A impressão que se tem quando se lê algumas manchetes alarmistas é de que a água de fato está acabando e de que seu consumo pode extingui-la. Na verdade, através de um fenômeno chamado Ciclo Hidrológico, a quantidade de água na Terra é praticamente a mesma há milhões de anos. Águas do mar e dos continentes evaporam, formam nuvens, voltam à terra (chuva, neve), escorrem para rios, lagos e subsolo e, finalmente, retornam ao mar. Como se perde a água, então? Com a poluição e a contaminação dos recursos hídricos.
A impressão que se tem quando se lê algumas manchetes alarmistas é de que a água de fato está acabando e de que seu consumo pode extingui-la. Na verdade, através de um fenômeno chamado Ciclo Hidrológico, a quantidade de água na Terra é praticamente a mesma há milhões de anos. Águas do mar e dos continentes evaporam, formam nuvens, voltam à terra (chuva, neve), escorrem para rios, lagos e subsolo e, finalmente, retornam ao mar. Como se perde a água, então? Com a poluição e a contaminação dos recursos hídricos.
Consumo
Esses recursos são consumidos por diversos setores. Segundo Tucci, o maior é a agricultura irrigada, que utiliza 70% da água, seguida pela indústria (20%) e pela população (10%). O cenário é o seguinte: uma pessoa deve beber 2 litros de água por dia, mas são necessários de 2 mil a 5 mil litros de água para produzir sua alimentação diária, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura.
Esses recursos são consumidos por diversos setores. Segundo Tucci, o maior é a agricultura irrigada, que utiliza 70% da água, seguida pela indústria (20%) e pela população (10%). O cenário é o seguinte: uma pessoa deve beber 2 litros de água por dia, mas são necessários de 2 mil a 5 mil litros de água para produzir sua alimentação diária, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura.
Regiões
Nem sempre a região de maior demanda é a de maior oferta de água. “O semiárido, com 10% da área do país, é uma região carente de disponibilidade. As áreas metropolitanas, com grande concentração de população, têm alta demanda de água em pouco espaço, o que, associado à contaminação das fontes de água por esgoto, produzem grande pressão quanto à escassez quantitativa e qualitativa da água”, alerta. Em um futuro cenário de escassez de água, o Aquífero Guarani é apontado por muitos como uma alternativa interessante. Nas regiões onde está aflorante, ele já é utilizado, como no interior de São Paulo, Mato Grosso do Sul e fronteira do Rio Grande do Sul. Mas Tucci ressalta que o uso depende de condicionantes físicos, como proximidade da demanda e profundidade do aquífero para ser economicamente explorável. “Na parte central, pode estar a mais de 1500 metros de profundidade, aumentando o seu custo de uso”, afirma.
Nem sempre a região de maior demanda é a de maior oferta de água. “O semiárido, com 10% da área do país, é uma região carente de disponibilidade. As áreas metropolitanas, com grande concentração de população, têm alta demanda de água em pouco espaço, o que, associado à contaminação das fontes de água por esgoto, produzem grande pressão quanto à escassez quantitativa e qualitativa da água”, alerta. Em um futuro cenário de escassez de água, o Aquífero Guarani é apontado por muitos como uma alternativa interessante. Nas regiões onde está aflorante, ele já é utilizado, como no interior de São Paulo, Mato Grosso do Sul e fronteira do Rio Grande do Sul. Mas Tucci ressalta que o uso depende de condicionantes físicos, como proximidade da demanda e profundidade do aquífero para ser economicamente explorável. “Na parte central, pode estar a mais de 1500 metros de profundidade, aumentando o seu custo de uso”, afirma.
Previsões
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) estima que, até 2025, 2/3 da população mundial seja afetada, de alguma forma, por falta de água potável. Mas esse tipo de previsão não é unanimidade. “Cada região pode ter suas fortalezas e fraquezas em função da disponibilidade e usuários”, pontua Tucci. O doutor em Recursos Hídricos também justifica as correntes divergentes de pensamento sobre o tema. “Os que dizem que o cenário não é catastrófico provavelmente estão mirando regiões onde existe muita água e com poucos conflitos. Já os outros estão mirando as regiões problemáticas. Portanto a resposta geral é pouco informativa, e o assunto deve ser associado sempre a uma região específica ou a uma bacia hidrográfica”, afirma.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) estima que, até 2025, 2/3 da população mundial seja afetada, de alguma forma, por falta de água potável. Mas esse tipo de previsão não é unanimidade. “Cada região pode ter suas fortalezas e fraquezas em função da disponibilidade e usuários”, pontua Tucci. O doutor em Recursos Hídricos também justifica as correntes divergentes de pensamento sobre o tema. “Os que dizem que o cenário não é catastrófico provavelmente estão mirando regiões onde existe muita água e com poucos conflitos. Já os outros estão mirando as regiões problemáticas. Portanto a resposta geral é pouco informativa, e o assunto deve ser associado sempre a uma região específica ou a uma bacia hidrográfica”, afirma.
A água somente será valorizada quando ocorrer falta de água ou ela estiver contaminada
Carlos Eduardo Morelli Tucci
Valor
O Dia Mundial da Água busca prevenir esse cenário estimado para 2025. Apesar de iniciativas e campanhas como essa, a água ainda é pouco valorizada pela sociedade. Para Tucci, a população está acostumada a pagar pouco e a desperdiçá-la, sem se importar em ver um rio ou riacho contaminado. No Brasil, menos de 40% do esgoto é tratado. “Como qualquer produto, a água somente será valorizada quando, nesta região específica do usuário, ocorrer falta de água ou ela estiver contaminada. Por isso, o preço deve ser ajustado a uma gestão racional, já que não existe órgão mais sensível do que o bolso”, sentencia.
O Dia Mundial da Água busca prevenir esse cenário estimado para 2025. Apesar de iniciativas e campanhas como essa, a água ainda é pouco valorizada pela sociedade. Para Tucci, a população está acostumada a pagar pouco e a desperdiçá-la, sem se importar em ver um rio ou riacho contaminado. No Brasil, menos de 40% do esgoto é tratado. “Como qualquer produto, a água somente será valorizada quando, nesta região específica do usuário, ocorrer falta de água ou ela estiver contaminada. Por isso, o preço deve ser ajustado a uma gestão racional, já que não existe órgão mais sensível do que o bolso”, sentencia.
Extraído do Blog Lajes do Cabugi
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