Jamie McDonald/Getty Images/Fifa
Alemães comemoram o título mundial enquanto jogadores argentinos lamentam a derrota na final da Copa do Mundo
A Copa do Mundo no Brasil foi decidida com uma
canhota, e não foi a de Messi e nem em favor de Messi. Aos 7 min do
segundo tempo da prorrogação, a perna esquerda de Mario Götze deu à
Alemanha seu quarto título mundial. na tarde deste domingo (13), no
Maracanã. É a primeira vez que uma seleção europeia vence um Mundial disputado na
América - na mão inversa, apenas o Brasil conseguiu tal façanha, em
1958. Com a quarta conquista, a Alemanha tem o mesmo número de títulos
que a Itália e um a menos que o Brasil.
O título alemão fez a Europa descolar da América do Sul no duelo
histórico: leva vantagem de 11 a 9 nas conquistas de Copa. Foi a
terceira derrota argentina em finais de Copa, a segunda diante dos
alemães. Depois de muito provocar os brasileiros, os torcedores argentinos
tiveram de ouvir gritos de "vice-campeão" e viram seu melhor jogador,
Messi, jogar a terceira Copa sem conquistar o título mundial que
Maradona conseguiu.
Sem em 1950, na outra edição disputada no Brasil, a Copa foi decidida
numa arrancada do uruguaio Ghigggia pela direita, desta vez o lance
definidor saiu pela esquerda, um cruzamento que alcançou Goetze na área.
Atacante do Bayern de Munique e reserva da seleção alemã, o jogador de
22 anos aproveitou a bobeada de Demichelis na marcação, matou no peito
um cruzamento da ponta esquerda e marcou de perna esquerda o único gol
da decisão da Copa, aos 8 min da segunda etapa do tempo extra.
Foi a senha para a explosão dos alemães num Maracanã que vinha
alternando momentos de euforia e de silêncio. A dominação numérica dos
argentinos na arquibancada não se traduziu em predomínio na torcida - os
gritos de "Deutschland, Deutschland" se fizeram notar com clareza. na
tribuna estavam a presidente Dilma Rousseff e a chanceler alemã, Angela
Merkel. A presidente argentina, Cristina Kirchner, não veio para a
final.
A final demarcou a oitava prorrogação desta Copa, igualando o recorde
estabelecido na Itália, em 1990. Foi a sétima decisão de Mundial com
prorrogação, a terceira consecutiva.
Mas não foi por falta de oportunidade que o gol não saiu no tempo normal.
A torcida argentina até pôde gritar gol no primeiro tempo, graças a
Higuaín, que mandou a bola para a rede. Graças a ele, também, o grito
durou apenas alguns segundos. O técnico Alejandro Sabella percebeu
rápido e sinalizou com o dedo para o banco argentino: Higuaín havia dado
um passo a mais e estava impedido quando receber a bola.
Foi também graças a Higuaín que os argentinos deixaram de marcar no
primeiro tempo. Ele chutou para fora a chance mais clara que seu time
teve, numa recuada equivocada de Kroos que deixou o argentino na cara do
goleiro Neuer.
A Alemanha parou na trave numa cabeçada de Höwedes, já no final do
primeiro tempo, e na falta de precisão de suas finalizações, como a de
Kroos no segundo tempo, de frente para o gol.
Já Messi deu trabalho para os alemães, mas também perdeu uma chance limpa, no começo do segundo tempo.
O astro argentino, aliás, deixou o vestiário rumo ao campo mascando
chiclete, enquanto a Alemanha já engolia ali mesmo um problema de última
hora, a perda de um jogador. Khedira, que estava na escalação divulgada
uma hora antes do início, sentiu a panturrilha durante o aquecimento.
No lugar dele entrou Kramer, 23, um dos mais inexperientes da Alemanha -
estreou na seleção num amistoso contra a Polônia em maio passado. E o
substituto do contundido também se machucou, numa disputa de bola, e
deixou o campo ainda no primeiro tempo.
Isso não mudou a determinação alemã em reter a bola. Deixou isso bem
claro já antes do jogo: no aquecimento, não só entrou em campo antes e
saiu depois como já pisou no gramado aquecida - os jogadores começaram
imediatamente a bater bola ao sair do túnel, enquanto os argentinos
foram primeiro correr. No intervalo, os reservas ficaram em campo
batendo bola - os argentinos foram todos para o vestiário. A Alemanha
voltou antes para o campo.
Os alemães tiveram muito mais a bola: 60% do tempo, número que chegou a
63% na primeira etapa. Nem o tique-taque espanhol teve tamanho comando
do jogo na final da Copa de 2010 (a posse de bola da Espanha foi de
57%).
A Argentina fez uma escolha bem diferente da do Brasil no jogo em que
foi goleado por 7 a 1 pelos alemães. Postou-se atrás e apostou em atacar
seguidamente pelo lado direito, em cima de Höwedes.
Foi um jogo duro, sobretudo na prorrogação. Schweisteinger entrou em
campo com gel no cabelo e saiu com sangue no rosto, depois de uma
disputa de bola na prorrogação com Agüero.
Schweisteinger abraçou Messi depois do jogo. O argentino mal conseguiu
acenar em retribuição. Depois do gol alemão, ele teve uma chance de
fazer sua perna esquerda brilhar, cobrando uma falta já nos acréscimos
da prorrogação. Chutou longe.
ALEMANHA
Neuer; Lahm, Boateng, Hummels e Höwedes; Schweinsteiger, Kramer
(Schürrle), Kroos e Özil (Mertesacker); Thomas Müller e Klose (Götze).
T.: Joachim Löw
ARGENTINA
Romero; Zabaleta, Demichelis, Garay e Rojo; Mascherano, Biglia e Pérez
(Gago); Messi, Higuaín (Palacio) e Lavezzi (Agüero). T.: Alejandro
Sabella
Estádio: Maracanã, no Rio
Árbitro: Nicola Rizzoli (Itália)
Gol: Götze, aos 7 min do 2º tempo da prorrogação
Cartões amarelos: Höwedes, Schweinsteiger, Mascherano e Agüero
Tribuna do Norte
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