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quinta-feira, 8 de março de 2012

Coração feminino está mais ameaçado por causa da rotina estressante

Saúde

De Fernanda Zauli para o Diário de Natal

O coração das mulheres é mais vulnerável a infartos do que se pensa. Durante muito tempo as doenças cardiovasculares (infartos, AVCs e outros) foram significativamente associadas ao sexo masculino. Dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) revelam que há cinquenta anos, de cada dez mortes por infarto, nove eram de homens e uma era de mulher; hoje em dia, essa proporção está em seis homens e quatro mulheres. Em 2010, 41.211 mulheres foram vítimas de infarto no país, enquanto os homens lideram com 57.534 mortes. No Dia da Mulher, o Diário de Natal traz informações importantes relativas ao tema e dicas de como se cuidar e prevenir as doenças cardiovasculares.

De acordo com o presidente da Sociedade Norteriograndense de Cardiologia, Carlos Alberto Faria, a incidência de doenças cardiovasculares entre as mulheres tem aumentado, principalmente, por fatores psicossociais. "A mulher hoje ocupa mais espaço na sociedade, muitas não tem nem jornada dupla mais e sim tripla: cuidam da casa, dos filhos, do marido, e ainda trabalham fora. Consequentemente têm menos tempo para se cuidar, ir ao médico, praticar uma atividade física, se alimentar bem, enfim, tomar cuidados essenciais à prevenção desse tipo de doenças. O resultado é um número cada vez maior de mulheres sofrendo infartos ou acidentes vasculares cerebrais", disse.

Para a maioria das mulheres o infarto é quase assintomático. As mulheres de 45 anos correm 30% mais riscos que os homens da mesma idade de ter um infarto, sem dor no peito. Esse índice cai para 25% na faixa entre 45 e 65 anos e a diferença só vai desaparecer após os 75 anos, segundo estudo publicado pela American Heart Association. Apesar da mudança de comportamento e do ritmo de vida as mulheres podem reduzir os riscos de uma doença cardiovascular. "O melhor tratamento é a prevenção. Para isso é preciso ter um cuidado especial da dieta, já que a obesidade aumenta o risco cardiovascular, praticar uma atividade física regularmente; além de ir ao médico efazer exames de saúde periodicamente", orienta o cardiologista Carlos Alberto Faria.

Qualidade de vida

É o que tenta fazer a empresária Luciana Cavalcante, de 38 anos. Casada, mãe de dois filhos, e proprietária de duas escolas de idiomas com mais de 50 funcionários para administrar, ela não abre mão dos cuidados com a saúde e com a alimentação. "Eu faço Kung Fu três vezes por semana e Hipismo duas vezes. Além disso, durante a semana eu procuro evitar exageros na alimentação para manter o equilíbrio. Não é fácil manter essas atividades com o ritmo de vida que eu tenho, mas é uma questão de priorizar a saúde", diz.

Luciana conta que começou a praticar atividade física há dois anos e garante que as mudanças na qualidade de vida são nítidas. "O problema é que hoje em dia as mulheres assumem muitos papéis, têm muitas responsabilidades e acabam esquecendo de se cuidar. Era o que acontecia comigo. Eu levava meus filhos para a escola, para o esporte, cuidava da empresa, fazia um malabarismo para conseguir administraras atividades de todo mundo e esquecia de mim. Foi aí que eu percebi que eu precisava me incluir nesses cuidados porque se eu não estiver bem todo o resto vai desmoronar. Comecei a praticar exercícios e percebi que minha saúde melhorou muito. Eu ficava muito gripada, tinha menos disposição, hoje não me lembro nem quando foi a última vez que fiquei doente".

O cardiologista Carlos Faria confirma que esse é o caminho certo. "Todos esses cuidados com a saúde aliados a um acompanhamento médico regular pode evitar muitos problemas de saúde e, principalmente, os cardiovasculares", diz Carlos Faria.

Doença silenciosa

Apesar de ter vários casos de familiares com problemas cardiovasculares, a aposentada Marta Maria de Albuquerque Cavalcanti, de 65 anos, conta que nunca se preocupou muito em ir ao médico ou realizar exames periodicamente. Na tarde do dia 19 de janeiro de 2006 ela começou a sentir náuseas, estava impaciente, vomitou, e foi levada para o hospital. Chegando lá o diagnóstico: Dona Marta sofreu um infarto. Ela passou por uma angioplastia e ficou cinco dias na UTI até voltar para casa. O acompanhamento médico poderia ter evitado esse infarto. Dona Marta era hipertensa e não sabia. Somente após o infarto ela descobriu o problema e começou o tratamento adequado. "Até hoje tomo remédio diariamente para controlar a pressão", diz.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, a probabilidade de uma mulher morrer em conseqüência de um infarto é 50% maior do que a de um homem com a mesma idade, hábitos e fatores de risco semelhantes. Em termos fisiológicos, as diferenças entre o coração da mulher e do homem são grandes. O coração feminino bate mais rápido e as artérias coronárias são mais estreitas. Quando a mulher sofre um infarto, em geral, a lesão iniciou há mais ou menos 20 anos antes. Os sintomas também são diferentes em homens e mulheres. Quando o homem vai ter um infarto, costuma sentir uma forte dor no peito que irradia para os braços. Entretanto, para as mulheres é mais comum sentir náusea, fraqueza, dores gástricas, falta de ar, dor que irradia pelas costas, ombros e mandíbula - sintomas que podem ser confundidos com outras doenças.

O perigo em números

Fatores de Risco / Níveis desejados

Pressão Arterial / Menor ou igual a 120/80 mmHg

Colesterol total / Abaixo de 200 mg/dL

LDL - colesterol "ruim" / Abaixo de 100 mg/dL

HDL - colesterol "bom" / Acima de 50 mg/dL

Triglicerídeos / Abaixo de 150 mg/dL

Glicose (HbA1c) / Abaixo de 7%

Índice de massa corpórea (IMC) / 18.5-24.9 kg/m2

Circunferência abdominal / Menor ou igual a 80 com

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