Já
imaginou uma fábrica de mulheres saradas? Um lugar onde se deixa de
lado o sedentarismo na busca por um corpo bonito e saudável? Pois ele
existe. A má notícia é que não é aberto ao público. São quase 20 meninas
suando diariamente a camisa e abdicando de tudo quanto é guloseima para
esculpir o corpo e deixar de lado o preconceito com com a silhueta
sarada, que já foi demonizada por muitos. A ideia do espaço surgiu na
década de 1980, ma só foi colocada em prática com tudo o que era
desejado há um ano e meio pelo professor de Educação Física Roberto Di
Le Llo.
"O sonho de realizar hardcore só pode ser realizado depois de 26
anos, porque poucas pessoas tinham interesse e o custo era um
empecilho", diz o treinador. O estilo Hardcore de treinamento, segundo
conta Di Le Llo, traz influência da década de 70, o nome era utilizado
pelos militares e demonstrava a ideia de ser casaca grossa, grosseria,
ser contundente e era utilizado pelos atletas que treinavam em
locaisidentificados como undergrounds, casa de porões.
Os
conceitos foram adaptados para a atualidade, as lojas de suplementos
alimentares ganharam espaço e em Natal, o grupo 100% Larissa Reis foi
pioneiro. Vale lembrar que a atleta e modelo fitness é sócia do local,
que de acordo com Di Le Llo foi todo inspirado nela. E como o próprio
nome sugere, o treinamento não é fácil. Aliás, é muito mais que isso. É
um novo estilo de vida, como define a atleta Janaína Leão. Ela treina
desde a adolescência e disse que começou a praticar musculação porque se
achava muito magra e gostou da atividade. Mas nunca tinha recebido as
orientações corretas. Está no treinamento Hardcore há 1 ano e 10 meses
porque as orientações do treinador começaram antes do espaço existir.
"Tive
problemas dentro de casa porque meus pais não concordavam com um estilo
de vida tão radical, mas meu corpo foi mudando e eu fiquei cada vez
mais acostumada com tudo. Muita gente diz que é sacrificante ficar
fazendo dieta o tempo inteiro, mas é estilo de vida. Eu sou muito feliz
fazendo isso, porque eu me olho no espelho e me sinto satisfeita com o
que eu estou vendo", diz.
E o preconceito com as meninas que têm
um corpo mais definido, com músculos e nenhuma gordura parece ter
diminuído. Segundo Atayanne Araújo, a mídia tem ajudado a desmistificar o
que antes era visto como um corpo masculinizado. "Às vezes as meninas
têm vontade e ficam meio reprimidas, mas são poucas as pessoas que ainda
falam que não gostam. O preconceito realmente está se extinguindo. No
geral todo mundo fala bem, todo mundo comenta, admira, é uma
satisfação", comenta.
Grupo é fechado e só entra por indicação
Manter
o corpo assim tão definido pede dedicação. Tanto que o grupo é fechado.
As oportunidades são dadas apenas às amigas mais próximas, mas quando o
treinador vê que a menina não tem interesse em entrar na linha, não
corta conversa: "O objetivo aqui é ficar sarada. Se eles não podem me
dar isso, devolvo o dinheiro e mando embora", afirma, diz Di Le Llo. A
alimentação é regrada. É baseada principalmente em carboidratos
complexos, como macaxeira, batata doce, arroz integral, aveia, além de
proteínas de alto valor biológico, que contêm aminoácidos essenciais e
não essenciais para a reparação tecidual, como o filé de peito do
frango, o peixe - preferencialmente tilápia - clara de ovo, proteína em
pó e peito de peru.
Os vegetais estão sempre presentes, mas às
vezes é preciso evitar as frutas por causa da frutose, então os vegetais
folhosos de cor verde-escura são os melhores. Leite e derivados não
entram na dieta por causa da gordura. E há os suplementos alimentares
que não podem faltar.
Sacrifícios para alguns, satisfação para
outras. Janaína diz que o maior incentivo que tem é olhar-se no espelho e
ver o corpo que sempre quis ter. "Aos 35 anos eu consegui um corpo que
eu busco desde os 16 e nunca tinha conseguido por falta de orientação,
por falta de conhecimento ", diz. E o investimento é alto. Como o espaço
foi criado entre amigos, os custos com aluguel, manutenção orientação
profissional e outros são divididos entre as atletas. O que gira em
torno de R$ 500,00 mensais. A alimentação, tem um custo médio de R$
700,00 e os suplementos giram em torno de R$ 500,00 a R$1.000,00
dependendo do nível de treinamento.
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