Adriano Abreu
Empresas se unem no RN para lançar campanha de legalização
Alvo de investigações por parte do Ministério Público do Estado as
empresas de marketing multinível se unem no Rio Grande do Norte para
lançar campanha de legalização do segmento. A informação foi repassada
pelo executivo da Bbom e dono de franquia da Unepxmil, que vende
rastreadores, Victor Hugo Noé. “É importante ter investigações para que
possa dar maior clareza e conhecimento as atividades do marketing
multinível, ainda pouco conhecido no país. Nem a justiça sabe bem como
lidar o negócio MMN”, disse Victor Hugo. O MPE/RN instaurou inquérito
civil para apurar as atividades da TelexFree, BBom, NNEX, Priples,
Cidiz e Multiclick Brasil.
Na última semana, a Justiça Federal
decretou a indisponibilidade dos bens da BBOM, pertencente ao Grupo
Embrasystem, bem como dos bens dos sócios proprietários dessas empresas.
O Procon/RN abriu ação para apurar irregularidades na relação entre um
investidor e empresa, que denunciou prejuízo com o não repasse de
pagamentos. A Telexfree permanece impedida de realizar pagamentos e ter
novas adesões, em todo o país As empresas são investigadas por indícios
de pirâmide financeira.
Para
o consultor do Sebrae, Carlos Von Sohsten, esse é um tema complexo. Os
conceitos de empresas de marketing direto, vendas diretas com
empresas de marketing multinível ou pirâmides são comumente confundidos.
É preciso separar cada segmento e atentar para os detalhes da
oportunidade oferecida, quem está por trás e quais são as “promessas”.
“Em geral, os esquemas de marketing multinível têm causado mais
prejuízos do que bons resultados, para a maioria dos participantes”, diz
o consultor de negócios do Sebrae.
No marketing multinível, o
faturamento é calculado sobre as vendas de produtos ou serviços que
sustentam o negócio. Já no esquema denominado “pirâmide financeira”,
considerado crime no Brasil, os participantes são remunerados somente
pela indicação de outros indivíduos para o sistema, sem levar em
consideração a real geração de vendas de produtos.
A
modalidade, segundo o economista e coordenador do curso de Gestão
Financeira da Universidade Potiguar (UnP), Janduir Nóbrega, não se
sustenta por não haver uma relação comercial ou de consumo. “Diferente
das demais relações, não há um produto sendo fabricado, comercializado e
mesmo um consumidor final. Não atende, teoricamente, as leis
comerciais”, afirma. Um dos principais investidores da empresa Telexfree
no Estado, o delegado e professor de direito Heraclito Noé, pondera que
há muito desinformação em relação ao novo tipo de negócio, que é
lícito. “As pessoas tendem a ver o novo, o desconhecido, como algo que
cheira mal. Mas esta é uma nova oportunidade de negócios, em um novo
ambiente: a internet, com melhor geração de renda e com muito trabalho”,
afirma.
A rede mundial de computadores é usada como mecanismo
de divulgação e vendas, que permite os divulgadores a trabalharem com
maior flexibilidade de horários e em ambientes diversos. “Há uma cultura
de se achar justo somente o dinheiro que vem suado, do cabo da enxada,
mas há outras formas honestas. É um novo momento”, observa. Noé admite
que hoje a principal renda vem do MMN, mesmo se dedicando à noite e
finais de semana.
Divulgadores trocam de carreira
Levados
pela comodidade de estabelecer os horários de trabalho e manter uma
empresa a menores custos é cada vez maior o número de pessoas que aderem
ao formato de negócio em marketing multinível. A professora de Letras,
Raianne Bispo, de 26 anos, abriu mão da carreira de professora para se
dedicar as atividades de consultoria na Telexfree. Trabalhando apenas um
turno, em escritório montado com outros nove amigos, para dar apoio e
consultoria a rede estabelecida com mais de 9 mil pessoas, ela conta que
conseguiu ganhos que a profissão não permitiria e em curto tempo.
“Somos remunerados proporcionalmente a produção, ao trabalho que
fazemos. Enquanto como professora, o trabalho é mais desgastante, e a
remuneração não é boa”, disse Raianne.
Em 3 meses de atividade e
com uma rede de 2 mil pessoas, o executivo da Bbom Victor Noé, de 26
anos, tem umajornada maior de trabalho, entre consultoria a novos
integrantes e viagens para divulgação, do que quando se revezava nas
funções de administrador de um escritório de advocacia e sócio numa loja
de acessórios automotivos. “Com um investimento de R$ 600,00, eu
consegui triplicar minha renda mensal, mas em compensação dobrei a
quantidade de trabalho”, disse.
O advogado Renato Rodrigues,
presidente da Comissão de Advogados Trabalhistas da OAB/RN, afirma que
não há relação de trabalho entre a empresa Telexfree e seus
divulgadores. O contrato não estaria qualificado na CLT, que rege as
relações e trabalho. “Não existe para o divulgador, quem aderiu a
empresa, relações trabalhistas a serem reclamadas junto à empresa”,
observa.
Tribuna do Norte
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