Aprendemos na escola histórias sobre os grandes inventores e o surgimento de máquinas como o
telefone,
a lâmpada e o telégrafo, entre outros. A lista geralmente é dominada
por pessoas nascidas nos Estados Unidos ou na Europa, com a óbvia
exceção de Santos Dumont, que concebeu o avião. Mas a verdade é que
existe uma prolífica lista de brasileiros que inventaram de tudo. Desde
engenhocas malucas até invenções importantíssimas para a evolução
humana, como a abreugrafia. Sem falar em produtos comuns ao nosso dia a
dia, como o cartão telefônico ou o escorredor de arroz. Conheça algumas
destas fantásticas criações "made in Brazil".
Avião
Esqueçam aquela velha história,
contada pelos norte-americanos, de que os irmãos Orville e Willbur
Wright inventaram o avião. Eles, de fato, construíram uma aeronave em
1903 (três anos antes de Santos Dumont apresentar seu 14 Bis). No
entanto, a dupla utilizou uma espécie de catapulta para fazer seu
invento decolar. O
brasileiro,
ao contrário, usou um motor a combustão para fazer voar um aparelho
mais pesado que o ar. O fato de ter realizado o voo inaugural em Paris,
diante de um grande número de pessoas, só reforça a sua condição de
grande pioneiro da aviação em todo o mundo.
Abreugrafia
Sim, as radiografias foram
inventadas por um brasileiro. O médico Manuel de Abreu pesquisou durante
muitos anos uma forma de radiografar órgãos do corpo humano. Suas
pesquisas deram resultado em 1936, quando criou o sistema que permitia
“fotografar”, por meio de chapas radiográficas, os pulmões. Isso
propiciou que o diagnóstico de doenças como a tuberculose fosse muito
mais rápido. Se hoje temos equipamentos modernos como tomografias
computadorizadas e outras engenhocas, devemos isto a este grande
inventor, que chegou a ser cotado para
ganhar o prêmio Nobel de Medicina, em 1950. Por ironia do destino, o famoso pneumologista morreu em 1962, de câncer de pulmão.
Rádio
A patente da invenção do rádio está
devidamente creditada ao italiano Gugliermo Marconi. No entanto, anos
antes dele, um padre brasileiro havia feito a primeira transmissão da
voz humana por meio das ondas radiofônicas. Roberto Landell de Moura era
uma espécie de Professor Pardal e um belo dia resolveu levar a sério as
experimentações com ondas eletromagnéticas. Em 1894, ele conseguiu
transmitir um comunicado por vários quilômetros na cidade de São Paulo.
No entanto, sua invenção foi vista com desconfiança. Muitos religiosos o
acusaram de praticar feitiçarias e, por isso, seu trabalho não teve a
visibilidade que merecia. Somente depois de muitos anos conseguiu
patentear seu equipamento, no Brasil e nos Estados Unidos. Mas já era
tarde.
Escorredor de arroz
Se é verdade que as melhores invenções são
as mais simples, então a dona de casa Therezinha Beatriz Alves de
Andrade é uma das inventoras mais geniais que o país já teve. Cansada de
ver sua pia entupida toda vez que lavava arroz, ela criou o utensílio
em 1959. A invenção, nada além de uma pequena bacia, com uma peneira
acoplada, se mostrou de grande valia, agilizando o preparo do alimento.
Três anos depois, o escorredor era exibido em feiras de utilidades
domésticas e comercializado massivamente. É um produto tão simples que
nem dá para imaginar que precisou ser inventado. Como demorou tanto
tempo para alguém pensar nisso?
Balão estático
Pelo visto, ter padres inventores é uma
antiga tradição nacional. Além de Landell de Moura, outro religioso
nascido em terras tupiniquins foi pioneiro em uma invenção
importantíssima. Nascido em Santos (SP), Bartolomeu de Gusmão se mudou
para Portugal no início do século 18. Ali, ele observou uma bolha de
sabão e teve um estalo: o ar quente é mais leve que o ar exterior e
seria possível criar um veículo que pudesse levitar tendo este conceito
como princípio. Em 1709, criou a “Passarola” e o exibiu para a corte
portuguesa. O público, estupefato, viu o aparelho movido a ar quente
subir a quatro metros de altura.
Urna eletrônica
Nos anos 1980, um juiz eleitoral de Santa Catarina decidiu
investir
em uma ideia genial: criar uma urna de votação eletrônica. Carlos
Prudêncio contou com a ajuda do irmão, um empresário da área de
informática. O aparelho foi utilizado pela primeira vez, de forma
experimental, em 1989. Sete anos depois, foi implantado em larga escala
pela primeira vez. Em 2000, o país realizou sua primeira eleição
totalmente eletrônica. O sistema agilizou de forma espetacular a
apuração de votos, um grande problema para um país de dimensões
continentais e infraestrutura de transportes precária. Se antes a
contabilização levava semanas e até meses, agora o vencedor era
conhecido em poucas horas.
Cartão telefônico
Até os anos 1980, para fazer uma ligação
telefônica em um orelhão, era preciso utilizar fichas metálicas
semelhantes às moedas. Às vezes, era necessário um grande número delas, o
que gerava incômodo. Até que o engenheiro Nélson Guilherme Bardini teve
uma ideia revolucionária em 1978: criar um cartão feito de PVC, com um
circuito elétrico em seu interior. Estava inventado o cartão telefônico.
O invento se espalhou pelo mundo mas, curiosamente, só foi implantado
de forma oficial em território brasileiro anos depois, em 1992. A
invenção havia chegado em boa hora e serviu para modernizar as
comunicações brasileiras, que estavam na idade da pedra à época.
Identificador de chamadas
Hoje em dia chega a soar como algo absurdo
uma chamada telefônica anônima. Mas há 30 anos isso chegava a ser um
problema, por causa dos incontáveis trotes. Foi para se livrar deles que
o eletrotécnico Nélio José Nicolai, em 1980, criou um aparelho que
permitia identificar de onde vinha a ligação. Ele batizou o invento de
Bina (sigla para B identifica número de A), que em pouco tempo se
espalhou pelo mundo. Mais de 30 anos depois, ele vem lutando na justiça
para receber royalties das empresas de telefonia pelo seu aparelho. O
homem, aliás, é um inventor de mão cheia: tem 40 patentes registradas no
Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Industrial).
Walkman
Andar pelas ruas com um aparelho portátil
que reproduz música é um ato tão banal quanto conversar. Hoje são os
smartphones, sucedendo ao iPod e aos discman. Mas o avô destes aparelhos
é o Walkman, rádio e toca-fitas portátil lançado pela Sony em 1979. O
que poucos sabem é que o aparelho foi na verdade inventado por um alemão
naturalizado brasileiro. A família de Andreas Pavel mudou-se para São
Paulo quando ele tinha apenas seis anos. Aos 27 anos, em 1972, criou o
aparelho de som portátil, que batizou de stereobelt. Após anos de brigas
judiciais, o inventor e a Sony acabaram entrando em um acordo, com a
empresa reconhecendo a autoria do invento.
Soro antiofídico em pó
Antídotos contra veneno de cobras existem
desde o século 19. No entanto, alguns requisitos de transporte e
armazenamento dificultam o acesso dos soros às regiões mais remotas,
justamente onde são mais necessários. Em 2000, o veterinário Rosalvo
Guidolin teve uma ideia genial para resolver o problema: criou a versão
em pó do medicamento, que tem prazo de validade muito maior. De quebra,
não precisa ser mantido em baixa temperatura, como a versão líquida. O
produto já foi patenteado e está sendo produzido em São Paulo pelo
Instituto Butantan, um dos mais importantes centros de excelência no
assunto em todo o mundo.
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