O que está
acontecendo no Paraná é estarrecedor e deveria ser, agora mesmo, o foco
de atenção de todos aqueles e aquelas que defendemos a democracia como
forma de vida. O governador Beto Richa (PSDB) transformou hoje a cidade de Curitiba num verdadeiro cenário de guerra!
Os professores e professoras da rede pública e outras categorias tinham
se mobilizado para protestar contra a votação de um projeto de lei do
governo estadual que pode desfinanciar o fundo estadual da previdência
dos servidores públicos (porque o governador quer usar esses recursos
dos trabalhadores para cobrir o rombo das contas públicas que sua má
gestão provocou) e o protesto, legítimo, foi reprimido de forma brutal
pela Polícia Militar sob as ordens do tucano, deixando mais de 150
feridos, dos quais alguns em estado grave. Os e as policiais — foram
mobilizados mais de 4 mil agentes — estão usando balas de borracha,
bombas de gás lacrimogênio, spray de pimenta, cassetete, jatos de água e
até cachorros que são lançados sobre manifestantes e jornalistas, que
acabam sendo mordidos. Parecem cenas da época da ditadura militar!
Um dado chocante: dezessete policiais estão presos, por ordem do
governador, porque se recusaram a participar da repressão brutal contra
os trabalhadores.
Parte da grande mídia, como sempre, fala em “confronto entre professores
e policiais”, o que resulta em ridículo: é como falar em confronto
entre o peito e a bala, entre as costas e a paulada. Como bem explica Bernardo Pilotto,
ex-candidato a governador do PSOL do Paraná, de um lado há
trabalhadores e do outro tem até helicópteros. E a categoria que mais se
mobilizou foi a dos professores, composta majoritariamente por mulheres
e "envelhecida" pela falta de concursos públicos. Aliás, quem já
participou de greves e mobilizações sabe que a violência sempre parte do
lado da polícia (e, quando parece que partiu do lado dos manifestantes,
geralmente trata-se de pessoas infiltradas pela própria polícia para
provocá-la e depois dizer que foram “vândalos”).
Acabamos achando natural que uma manifestação de estudantes ou
trabalhadores só pode terminar com cenas de violência, mas não é assim.
Existem experiências em outros países (onde antes acontecia o mesmo) que
provam que quando os governos mudam a política de repressão violenta
dos conflitos sociais pela negociação, com o diálogo e a contenção não
violenta das manifestações, com a polícia se limitando apenas a cuidar
do patrimônio e a segurança das pessoas (também dos próprios
manifestantes), um protesto pode sim começar e terminar em paz.
O Paraná é um bom exemplo do extremo contrário. O jeito tucano de fazer
as coisas (o governo não aceitou negociar ou ceder em nada e, enquanto a
polícia instalava a barbárie fora da Assembleia Legislativa, dentro
votavam tudo o que ele queria) se mistura com as pretensões autoritárias
do governador, que age como um ditadorzinho arrogante e violento. O
resultado disso são dezenas de pessoas feridas e hospitalizadas e gás
lacrimogênio até nas creches próximas ao local da repressão.
O Brasil precisa dar um basta a Beto Richa.
Blog Lajes do Cabugi
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