«Jorge Boucinhas» médico e professor da UFRN - boucinhas_jc@hotmail.com
Segundo
a Bíblia o Vegetarianismo dever ter raízes realmente as mais antigas.
Os primeiros vegetarianos teriam sido, no curso do longo período vivido
até sua expulsão do Paraíso Terrestre, Adão e Eva. De acordo com a
Antropologia, entretanto, ele não surgiu naturalmente com o homem, uma
vez que nossos primeiros ancestrais devem ter sido primordialmente
onívoros, principalmente antes do advento da agricultura. Ao longo da
História vários foram os seguidores e/ou defensores dele.
Considera-se, mesmo, que Pitágoras, Sócrates e Platão, entre outros,
apregoaram-no como único caminho alimentar a ser seguido na busca da
vitalidade física e mental. Contemporaneamente se o adota muito por
razões filosóficas. Alguns grupos religiosos, como os Adventistas do
Sétimo-Dia, indicam-no a seus seguidores como o melhor caminho para o
progresso no campo espiritual. No entanto, não raramente, encontram-se
indivíduos que a ele aderem apenas pensando em primar pela saúde.
Na
verdade há, até, os que preferem usar o termo no plural:
Vegetarianismos. Isto porque ao mesclar as classificações da American
Dietetic Association e da Vegetarian Society of the United Kingdom, que
tentam expor as formas de regimes com maior preponderância de alimentos
vegetais e bases filosóficas favoráveis ao consumo preferencial dos
mesmo, podem ser considerados, lato sensu, 6 grupos de “vegetarianos ou
afins”. E tal limitando-se a considerar tão só os que têm tido maior
divulgação no meio leigo, pelo que têm atraído a atenção do meio
científico. São eles:
Lacto-vegetarianismo: além dos vegetais,
especialmente hortaliças e frutas, inclui também a ingestão de leite e
produtos lácteos;
Ovo-lacto-vegetarianismo: afora as adições vistas acima, permite o acréscimo da ingestão de ovos de quaisquer aves;
Vegetarianismo
Estrito: regime alimentar no qual todo e qualquer alimento de origem
animal é excluído, denominando-se também Veganismo, pelo que seus
seguidores são chamados vegans;
Crudivorismo: determina a
ingestão de alimentos muito pouco cozidos ou processados, ditos ricos em
enzimas e pretensos “fatores vitais”, consistindo principalmente de
frutas e hortaliças cruas, podendo-se fugir um pouco desses ditames ao
consumir reduzido volume de grãos e frutos oleaginosos;
Macrobiótica:
fundamentada em bases filosóficas extremo-orientais, objetiva alcançar a
manutenção das boas condições físicas e mentais através do balanço
entre os alimentos classificados como Ying e os classificados como
Yang, compreendendo dez níveis (do -3 ao 7), nos quais os alimentos
animais vão sendo eliminados gradualmente, a cada nível, sendo que os
níveis mais altos pressupõem eliminação até da ingesta de água pura,
frutas e hortaliças;
Semivegetarianismo: termo utilizado para
definir indivíduos que preferem restringir apenas as carnes vermelhas,
podendo se alimentar com carnes de aves e peixes; muitos preferem até
retirar tal forma de procedimento do âmbito geral das escolas de
alimentação vegetariana.
A literatura é altamente divergente
quanto às repercussões do Vegetarianismo sobre a saúde. Vários estudos
ressaltam que suas implicações nutricionais sobre os momentos
fisiológicos de indivíduos ou populações podem ser bem variadas,
dependendo do tipo de abordagem (vide acima) e de quão estritamente se a
siga. Vale assinalar, ainda, que é difícil desvincular os efeitos
sobre a saúde que são conseqüência exclusivamente dos hábitos
alimentares, pois, além da dieta, vários fatores relacionados ao estilo
de vida atuam sobre o estado nutricional e a saúde dos vegetarianos (tal
como soe acontecer com os onívoros). Entretanto, autores ligado à
sociologia da saúde, como Resnicow (1991), acreditam que a dieta seja o
mais importante componente do estilo de vida, o que mais tem ação
quanto à prevenção de doenças não transmissíveis.
Por tais e
outras adicionais razões o Vegetarianismo, modernamente, vem sendo vezes
defendido vezes acerbamente criticado, pelo que vale a pena se rever o
que existe sobre o assunto. Muitas pesquisas indicam que a prevalência
de variadas doenças crônicas é menor entre seus seguidores, enquanto
outras identificaram aspectos negativos, apontando que as dietas
vegetarianas mal planejadas podem gerar uma série de inadequações
nutricionais, principalmente nos casos em que se as usa em indivíduos em
fase de rápido crescimento.
A partir do próximo Artigo esta
discussão passará a terá lugar, iniciando-se nele pelos pontos a favor,
prosseguindo-se com outro Artigo que versará sobre os pontos contra.
Até lá!
Tribuna do Norte
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