Obrigado por estar aqui , você faz parte deste número

sábado, 23 de novembro de 2013

Vegetarianismo: prós e contras

«Jorge Boucinhas» médico e professor da UFRN - boucinhas_jc@hotmail.com
Segundo a Bíblia o Vegetarianismo dever ter raízes realmente as mais antigas.  Os primeiros vegetarianos teriam sido, no curso do longo período vivido até sua expulsão do Paraíso Terrestre, Adão e Eva.  De acordo com a Antropologia, entretanto, ele não surgiu naturalmente com o homem, uma vez que nossos primeiros ancestrais devem ter sido primordialmente onívoros, principalmente antes do advento da agricultura. Ao longo da História vários foram os seguidores e/ou defensores dele. 
  Considera-se, mesmo, que Pitágoras, Sócrates e Platão, entre outros, apregoaram-no como único caminho alimentar a ser seguido na busca da vitalidade física e mental.   Contemporaneamente se o adota muito por razões filosóficas.  Alguns grupos religiosos, como os Adventistas do Sétimo-Dia, indicam-no a seus seguidores como o melhor caminho para o progresso no campo espiritual.  No entanto, não raramente, encontram-se indivíduos que a ele aderem apenas pensando em primar pela saúde.

Na verdade há, até, os que preferem usar o termo no plural: Vegetarianismos. Isto porque ao mesclar as classificações da American Dietetic Association e da Vegetarian Society of the United Kingdom, que tentam expor as formas de regimes com maior preponderância de alimentos vegetais e bases filosóficas favoráveis ao consumo preferencial dos mesmo, podem ser considerados, lato sensu, 6 grupos de “vegetarianos ou afins”.   E tal limitando-se a considerar tão só os que têm tido maior divulgação no meio leigo, pelo que têm atraído a atenção do meio científico.  São eles:

Lacto-vegetarianismo: além dos vegetais, especialmente hortaliças e frutas, inclui também a ingestão de leite e produtos lácteos;

Ovo-lacto-vegetarianismo: afora as adições vistas acima, permite o acréscimo da ingestão de ovos de quaisquer aves;

Vegetarianismo Estrito: regime alimentar no qual todo e qualquer alimento de origem animal é excluído, denominando-se também Veganismo, pelo que seus seguidores são chamados vegans;

Crudivorismo: determina a ingestão de alimentos muito pouco cozidos ou processados, ditos ricos em enzimas e pretensos “fatores vitais”, consistindo principalmente de frutas e hortaliças cruas, podendo-se fugir um pouco desses ditames ao consumir reduzido volume de grãos e frutos oleaginosos;

Macrobiótica: fundamentada em bases filosóficas extremo-orientais, objetiva alcançar a manutenção das boas condições físicas e mentais através do balanço entre os alimentos classificados como Ying e os classificados como  Yang, compreendendo dez níveis (do -3 ao 7), nos quais os alimentos animais vão sendo eliminados gradualmente, a cada nível, sendo que os níveis mais altos pressupõem eliminação até da ingesta de água pura, frutas e hortaliças;

Semivegetarianismo: termo utilizado para definir indivíduos que preferem restringir apenas as carnes vermelhas, podendo se alimentar com carnes de aves e peixes; muitos preferem até retirar tal forma de procedimento do âmbito geral das escolas de alimentação vegetariana.

A literatura é altamente divergente quanto às repercussões do Vegetarianismo sobre a saúde. Vários estudos ressaltam que suas implicações nutricionais sobre os momentos fisiológicos de indivíduos ou populações podem ser bem variadas, dependendo do tipo de abordagem (vide acima) e de quão estritamente se a siga.   Vale assinalar, ainda, que é difícil desvincular os efeitos sobre a saúde que são conseqüência exclusivamente dos hábitos alimentares, pois, além da dieta, vários fatores relacionados ao estilo de vida atuam sobre o estado nutricional e a saúde dos vegetarianos (tal como soe acontecer com os onívoros).   Entretanto, autores ligado à sociologia da saúde, como Resnicow (1991), acreditam que a dieta seja o mais importante componente do estilo de vida, o que mais tem ação  quanto à prevenção de doenças não transmissíveis.

Por tais e outras adicionais razões o Vegetarianismo, modernamente, vem sendo vezes defendido vezes acerbamente criticado, pelo que vale a pena se rever o que existe sobre o assunto.  Muitas pesquisas indicam que a prevalência de variadas doenças crônicas é menor entre seus seguidores, enquanto outras identificaram aspectos negativos, apontando que as dietas vegetarianas mal planejadas podem gerar uma série de inadequações nutricionais, principalmente nos casos em que se as usa em indivíduos em fase de rápido crescimento. 

A partir do próximo Artigo esta discussão passará a terá lugar, iniciando-se nele pelos pontos a favor, prosseguindo-se com outro Artigo que versará sobre os pontos contra.   Até lá!

Tribuna do Norte

Nenhum comentário: